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O acendedor de lampiões

Euro 2016: a consagração do football português

10 Décembre 2016 , Rédigé par David Brites Publié dans #Portugal, #História, #Sociedade

Acabaríamos quase por nos acostumar a esta notícia, pois o famoso jogador português monopoliza desde 2008, com o Argentino Lionel Messi, o preço da Bola de Ouro, atribuído cada ano por France Football – e entre 2010 e 2015, a revista o fez em colaboração com a Federação Internacional de Football Associação (FIFA). Ontem, Segunda-Feira, dia 9 de Janeiro, Cristiano Ronaldo, que terá 32 anos daqui dois meses, acabou de receber a quarta Bola de Ouro da sua carreira, depois daqueles obtidos em 2008, em 2013 e em 2014. O football português foi então reconhecido, neste ano 2016 no qual a seleção nacional ganhou o seu primeiro título internacional. Retrospetiva do Euro de 2016 e perspetiva deste Campeonato no história footbalística de Portugal.

A seleção portuguesa no século XX, é a história de duas luzes mais ou menos brilhantes, dois tempos que os Portugueses que as viveram ainda têm em memória. Dois jogadores levaram esses dois teams de maneira mais ou menos excepcional.

1) O fenômeno Eusébio, luso-moçambicano que conduziu a seleção até as semi-finais do Mundial de 1966. Depois de ter vencido a Coréia do Norte 5-3 nom jogo incrível, o team inclinou-se 2-1 contra a Inglaterra que jogava em casa – e que acabou ganhando o título aquele ano. É a única prestação da legenda do football português em seleção nacional, concluída por uma « pequena final » vencido 2-1 contra a União soviética.

2) Menos conhecidos e talentosos, Fernando Gomes e Rui Jordão, com os quais a seleção não ultrapassou as fases de grupos no Mundial de 1986, trazem o team até as semi-finais do Euro de 1984 (derrota 3-2 contra a França, que jogava em casa e acabou ganhando o campeonato). Fora dessas três datas (1966, 1984 e 1986), o Portugal ficou totalmente ausente do football mundial e europeu (sem falar da boa prestação dos seus clubes claro, como Benfica e Porto entre 1983 e 1990, e sobretudo Benfica nos anos 1961-1973).

Mundial de 1966 – semi-finaliste (terceiro)

Euro de 1984 – semi-finaliste

Mundial 1986 – fase de grupos

Uma nova área chega no final dos anos 1990. O Portugal volta nas competições internacionais, participando no Euro de 1996, onde é derrotado contra a República checa 1-0 nos quartas de finais. A seleção não é qualificado no Mundial de 1998, no entanto não é uma volta à uns anos de ausência, apenas um acidento, pois o Portugal já está de volta no Euro 2000, e desde esta data, nunca vai parar de o marcar a sua presencia nos campeonatos du Mundo e de Europa. Aliás, depois de 96 que anuncia uma nova geração de jogadores talentosos (Luís Figo e Rui Costa já estão ai), o Euro de 2000 tem valor de pilar na construção duma seleção portuguesa capaz de vencer os maiores, com um mínimo de constância.

Euro de 1996 – quartos de final

O trajeto realizado desde o ano 2000 é considerável, em primeiro lugar com a geração de Rui Costa, Luís Figo, Nuno Gomes, Maniche, Ricardo Carvalho, Deco, Pauleta, e do guarda-rede Ricardo, que ficaram os pilares até o Mundial de 2006; em segundo lugar com a geração de Cristiano Ronaldo, Quaresma, Nani, Pepe, e do guarda-rede Rui Patrício. No Euro de 2000, o jogo contra a França, nas semi-finais, marca as mentes, com esta mão de Abel Xavier e o « golo de ouro » (ou morta súbita) de Zidane que seguiu, por penalty. Desde esta data, a seleção portuguesa confirmou o seu estatuto de grande team, sendo presente a todas as competições.

A seleção apresenta grandes fragilidades, sobretudo na defesa. Isto dá ocasionalmente fracassos enormes. Em 2002 na Asia, como em 2014 no Brasil, o Mundial dos Portugueses acaba-se logo na fase de grupos, com fracassos evitáveis. O maior trajeto da equipe portuguesa nestes últimos anos em Mundial é de 2006, quando Figo e seus colegas acabaram em semi-final, vencidos pela França 1-0. Como no Euro de 2000, um penalty de Zidane acaba com as esperanças portuguesas. Desde esta data, Portugal não conseguiu voltar tão longe num Mundial, e esta tarefa será para a geração de Cristiano Ronaldo, Pepe e Nani, que lidarão talvez umas das suas ultimas aparições no team português no Mundial de 2018 na Rússia, menos provável no Qatar em 2022.

Mas a seleção consegue sempre melhores resultados nos campeonatos do Euro. Aquele de 2004 ainda está nas memórias. Ficou como um traumatismo este campeonato organizado em casa (era a primeira vez que Portugal recebia uma grande competição international de football), que devia celebrar o renascimento do football português (já marcado pela vitória do FC Porto de José Mourinho na Europa League de 2003 e no Liga dos Campeões em 2004) como também uma geração de jogadores merecia um título. Depois dum caminho marcado por lindos jogos, esta geração, cuja a coluna vertebral é o team do FC Porto (Nuno Valente, Costinha, Maniche, Ricardo Carvalho, Deco), inclinou-se no Estádio da Luz em Lisboa, 1-0 contra uma Grécia cujo jogo pouco atrativo baseava-se sobretudo numa defesa sólida. O tipo de bafada que deixe cicatrizes.

Euro de 2000 – semi-finaliste

Mundial de 2002 – fase de grupos

Euro de 2004 – finaliste

Mundial de 2006 – semi-finaliste (quarto)

Depois do Euro de 2000, daquele de 2004, e do Mundial de 2006, uma nova geração deve reconstruir o team. Cristiano Ronaldo, presente desde 2004 (com 19 anos), assuma o título de capitão, e então a liderança do grupo. As duas gerações ainda são intercalados até o Mundial de 2014. Todos esses anos (2000-2016), enquanto os teams da Turquia (1996, 2000, 2008) e de Holanda (2004, 2006, 2012) e Inglaterra (2004, 2006) apareçam sempre acessíveis (e, contra a Inglaterra, ofereçam lindos jogos), os três espantalhos da seleção não deixam de ser a Espanha (2010, 2012), e sobretudo a França (1984, 2000, 2006) e a Alemanha (2006, 2008, 2012, 2014). Globalmente, a seleção apresenta verdadeiras capacidades ofensivas, mesmo falhando contra equipas mais sólidas. Em quartas de finais do Euro de 208 (onde a seleção era no entanto anunciado como outsider do campeonato), ou ainda nas oitavas de finais do Mundial de 2010, ela é vencida por adversários superiores e mais realistas, a Alemanha (3-2) e a Espanha (1-0), ou seja, cada vez contra o futuro campeão ou vice-campeão.

Euro de 2008 – quartos de final

Mundial de 2010 – oitavas de final

Portugal chega até as semi-finais no Campeonato de Europa de 2012. O jogo acaba com 0-0, e a Espanha, futura campeão, vence ai por pênaltis. Esta boa performance confirma o bom nível do Portugal na mundo do football internacional.

Uma vitória que celebra o jogo português

Depois do Mundial de 2014 que acaba com fracasso logo na fase de grupos, a seleção leve para o Euro de 2016 certos quadros bem experimentados: Cristiano Ronaldo (31 anos), Pepe (33 anos), José Fonte (32 anos), e Ricardo Quaresma (32 anos); o defensor Ricardo Carvalho, fraco no fim de carreira (38 anos), só aparecerá nos primeiros jogos do Euro. Depois de Luiz Felipe Scolari (2003-2008), de Carlos Queiroz (2008-2010) e Paulo Bento (2010-2014), Fernando Santos assuma a carga de selecionador, como também um jogo mais defensivo que permite de salvar as qualificações para o Campeonato de Europa que deve ser realizado em França em 2016. Ele assuma de colocar jovens de grande quantidade: Raphaël Guerreiro (22 anos) e Cédric Soares (24 anos) para enriquecer uma defesa bem « idosa », William Carvalho (24 anos), João Mário (23 anos), André Gomes (22 anos) no meio de campo. Muitos deles são jogadores polivalentes. Éder (28 anos) e Nani (29 anos) no ataque, João Moutinho (29 anos) no meio e Rui Patrício (28 anos) na balisa vêm completar o team que irá trazer a vitória do 10 de Julho de 2016.

Euro de 2012 – semi-finaliste

Mundial de 2014 – fase de grupos

Euro de 2016 – vencedor

Portugal ofereceu ao football mundial seis Bolas de Ouro – Eusébio em 1965, Luís Figo em 2000, Cristiano Ronaldo em 2008, em 2013, em 2014 e em 2016 –, de oito Botas de Ouro UEFA (um recorde) – Eusébio em 1968 e em 1973, Fernando Gomes em 1983 e 1985, e Cristiano Ronaldo em 2008, em 2011, em 2014 e em 2015. No então, ele ficava sempre sem título internacional. Esses trofeus individuais já representavam um certo sucesso para este povo de 10 milhões de habitantes. Sim, a seleção sabe ser bonita, sensual, atrativa. Cristiano Ronaldo (e os seus dribles) só é uma enésima incarnação desta « joga bonita ». Mas este lindo estilo, com certos resultados impressionantes (4-0 contra a Polónia no Mundial de 2002, 7-0 contra a Coreia do Norte no Mundial de 2010, 7-0 em jogo amigável contra a Estónia em 2016, etc.), não trazem nenhum título, e esconda grandes fraquezas defensivas.

Enquanto jogos como a final de 2004 (0-1 contra a Grécia) ou a semi-final de 2006 (0-1 contra a França) mostram a falta de imaginação ofensiva de Portugal logo que encontra uma defesa solida, os Alemães vêm lembrar aos Portugueses a fraqueza da sua defesa (3-1 em « pequena final » do Mundial de 2006, 3-2 em quartos do Euro de 2008, 1-0 na fase de grupos do Euro de 2012, 4-0 em fase de grupos do Mondial de 2014), como também às vezes certos teams « menores » (3-2 contra os Estados-Unidos na fase de grupos do Mundial de 2002, 2-1 contra a Grécia na fase de grupos do Euro de 2004, 2-0 contra a Suíça na fase de grupos do Euro de 2008, 4-4 contra Chipre em Setembro de 2010 para as qualificações do Euro de 2012, 3-3 contra a Hungria na fase de grupos do Euro de 2016).

O team que ganhou o Campeonato de Europa de 2016 não é o mais sólido que Portugal já teve desde 16 anos. No entanto, da mesma forma que a Holanda que ganhou o Euro de 1988 sem apresentar a melhora seleção neerlandesa da história, esta vitória de Portugal vem corrigir um erro estatístico que deixava este país, apesar de todos os seus talentos, virgem de título. As fragilidades permanecem, mas, apesar dum jogo ás vezes menos atrativo, este team mostrou-se mais realista que os de 2004 e de 2006, vencidos por defesas sólidas (Grécia, França), ou ainda que os de 2008 e de 2010, levados por demais confiança e afinal « bafados » por adversários dum mais alto nível (Alemanha, Espanha). Depois de jogos onde ela dominou mas multiplicou o azar, contra a Islândia (1-1), e depois contra a Austria (0-0) quando Ronaldo falhou um pênalti, Portugal sublimou-se contra uma Hungria que o dominou por três vezes (3-3) para salvar a sua fase de grupos, pois apesar de acabar terceiro du grupo, as novas regras do Euro com 24 equipas permitiram ao Portugal, um dos « melhores terceiros », de aceder às oitava de finais. Ela conseguiu depois sair dois teams, os dominando: Polônia (1-1 e pênaltis) em quartos de final e País de Gales (2-0) em semi-final. E venceu, por um jogo fechado e contras em final de partida, as ofensivas Croácia (1-0) em oitavas, e França (1-0) em final.

Era a primeira vez que o Euro de football jogava-se com 24 equipas, e não 16 como antes. A vantagem era, que nem o Mundial de football e as suas 32 equipas participantes, de abrir-se a mais seleções, e de ver novos teams que ainda não tinham participado neste campeonato (País de Gales, Islândia, Irlanda do Norte, Albania, Eslováquia). Aliás, alguns deles mostraram que a presença deles não era abusiva, pois chegaram até as oitavas (Irlanda do Norte), as quartas (Islândia) ou as semi-finais (Gales). No entanto, é possível trazer um monte de críticas ao novo formato do Euro. Com seis grupos onde encontram-se, em cada um deles, 4 equipas, e uma tabela final iniciado com as oitavas de finais (nos Euros anteriores, iniciava-se só com os quartas de finais, desde a edição de 1996), o primeiro torno é inútil. Dá uma sensação de assistir a uma prolongação das qualificações para o Euro, em duas semanas e 36 jogos no total, isso tudo para ver eliminadas só 8 equipas. e, a partir das oitavas de final, com a tabela final, são eliminadas tantas equipas, mas em só três dias, com só um jogo por eliminação direta. Ou seja, as coisas sérias começam ai.

A outra coisa estranha é ver equipas que multiplicaram resultados péssimos ou médios aceder à tabela final. Aqui, claro, não é questão de dizer que Portugal não mereceu seu lugar até a final, sobretudo depois do seu percurso na tabela final (Croácia, Polônia, Gales, França). No entanto, fora deste caso específico, é possível questionar a credibilidade duma competição que permite a um team de continuar o seu caminho, mesmo quando foi incapaz de acabar nos dois primeiros lugares dum grupo de quatro. Terceiro do seu grupo com três empates, os Portugueses acabaram atras da Hungria e da Islândia, conseguido apenas (e com dificuldade) passar a frente da Austria. Duas semanas mais tarde, eles estão na final. Qual é o sentido? Igual com a Irlanda do Norte, que ganhou contra a Ucrânia 2-0, mas que perdeu os dois outros jogos, 1-0 contra a Polônia e mesmo resultado contra a Alemanha. Aliás, ninguém antecipou isto, enquanto quatro Mundiais de football realizaram-se da mesma forma, com 24 equipas, e três deles foram feitos com este sistema dos « melhores terceiros ». E em 1990 (com a Argentina) como em 1994 (com a Itália), aconteceu a mesma coisa: um terceiro dum grupo acabou em final. O que confirma mais a mediocridade deste formato do que a sua lógica.

Qual solução? Passar a 32 equipas, como no Mundial? É demais para uma competição suposta reunir a élite footbalística do continente. Voltar a 16? Seria o melhor, mas é provavelmente tarde demais para isto ser aceitado. Todavia, o próxima Euro, em 2020, seguirá o formato atual. Novidade: para celebrar os 60 anos da competição, o campeonato será organizado em várias cidades do continente, entre Dublin e Baku, entre Copenhague e Roma. Uma ideia bem contestável também, pois não vai dar jeito nem às seleções para mover-se dum país ao outro, nem aos torcedores.

O Stade de France (Estádio de França), onde foi jogada a final França-Portugal em Julho passado.

O Stade de France (Estádio de França), onde foi jogada a final França-Portugal em Julho passado.

Estádio de França, na região de Paris.

Será que Portugal « roubou » o título por um jogo « nojento »?

Como já foi dito, não é questão de dizer aqui que o formato deslegitima a vitória portuguesa. As regras eram essas nesse Euro, e toda gente que participou as aceitou. No entanto, e independentemente do formato, o tipo de jogo do Portugal foi muito contestado durante o campeonato, sobretudo a partir do jogo contra a Croácia. Foi o caso nos mídias tradicionais como nas redes sociais virtuais. Até um jornal diário francês, 20 Minutes, recebeu muitas reclamações de leitores, luso-descendentes ou não, que disseram ter ficados chocados pelo uso da palavra « nojento » (dégueulasse) no título dum artigo para qualificar o estilo português neste Euro.

Em 19 de Junho, depois do desesperante Portugal-Áustria (0-0), o selecionador Fernando Santos tinha marcado encontrado com a imprensa em 11 de Julho, afirmando que aquele dia, ele seria em « recebido em herói » em Portugal. Uma afirmação que verificou-se. Parecia absurdo, mas a verdade é que depois dos três primeiros jogos bem complicados para o Portugal, sobretudo aquele contra a Hungria que mostrou verdadeiras capacidades ofensivas, e onde a seleção portuguesa mostrou um mental incrível, ele decidiu adoptar um realismo em proporção dos teams encontrados.

Ao contrário do que as pessoas disseram sobre o jogo de Portugal, ele não concentrou-se na defesa em todos os jogos. Aliás, os jogos contra a Polônia e o País de Gales foram bem diferentes, o primeiro (nas quartas de finais) porque o gol polonesa depois de 2 minutos de jogo obrigou os Portugueses a ser ofensivo, até o golo do jovem Renato Sanches aos 33 minutos (e eles ficaram continuaram dominando o jogo até o final, e até os pênaltis); e o segundo, porque, fora de três tiros impressionantes orquestrados por Gareth Bale, os Galeses nunca conseguiram realmente criar situações perigosas, e os dois golos português (um de Cristiano Ronaldo, outro de Nani), no início do segundo tempo, foram lógica, à final. Temos então que nos concentrar sobre os dois jogos que fizeram mesmo polémica, ou seja, Portugal-Croácia (1-0) nas oitavas, e Portugal-França (1-0) na final. Ai, os torcedores dos teams vencidos julgaram imerecidos a vitória portuguesa.

Primeiramente, tivemos ocasião de observar que a saída de Ronaldo, machucado depois de 8 minutos de jogo, e substituído aos 25 minutos por Quaresma, não impactou muito o jogo contra a França. Apenas, nos primeiros 45 minutos, os ataques franceses se acalmaram depois desta saída surpresa, e a entrada de Quaresma equilibrou um pouco o jogo, os Portugueses indo um pouco mais para frente, sem conseguir ainda um remato no alvo (a balisa francesa). Os Portugueses voltam no terreno muito mais tranquilo, na segunda parte. Enquanto na primeira parte, eles tinham multiplicados os erros técnicos (23 bolas perdidas), eles os reduzam nos segundos 45 minutos do jogo (só 6 bolas perdidas). Ai, que nem contra a Croácia, eles adormeceram os Franceses, que, grande surpresa, pararam seus ataques. Só Moussa Sissoko continuou dinâmico, mas, fora duma cabeça de Antoine Griezmann, e dum tiro de André-Pierre Gignac no pólo, os Franceses não conseguiram voltar ao dinamismo do primeiro tempo. Para qualquer torcedor, estes 45 minutos apareceram bem chatos. No entanto, foi o erro francês de pensar que os Português queriam ir aos pênaltis. Os Croatas, que dominavam o jogo que nem os Franceses, pensaram assegurar o jogo, da mesma forma.

Ai, o coaching de Fernando Santos foi determinante. A entrada de João Moutinho nos 66 minutos permitiu reforçar o meio de terreno português. Sobretudo, aos 79 minutos, a entrada de Éder, para substituir um Renato Sanches que fez uma final bem média, mudou a estratégia portuguesa, e aliás, mostra bem que o treinador português não tinha como objetivo os pênaltis, mas sim, o golaço no final do jogo. É assim, o vencedor no football nem é sempre o melhor, mas sim, o mais esperto, e o mais afortunado. E chance, os Portugueses tiveram que ter mesmo, quando o remato de Gignac bateu no pólo, aos 92 minutos do tempo regulamentar, pois esta tentativa francesa poderia ter acabado com as pretensões lusitanas. Ilustração da mudança que operou a entrada de Éder: nas prolongações, até o golo de Éder, não se conta nenhum tiro francês até a balisa portuguesa, enquanto os Portugueses têm pelo menos três ocasiões, nas quais uma bola de Guerreiro no travessão francês – felizmente não entrou, pois o pontapé-livre tinha sido apontado por o árbitro de maneira injusta (a mão não era do defensor francês, mas sim de Éder) – e uma cabeça de Éder. O tamanho de Éder ajudou a desestabilizar a defesa francesa – sobre 12 faltas francesas no total do jogo, 5 foram contra Éder –, e foi ele que, na segunda prolongação, aos 109 minutos, conseguiu contornar o defensor francês Laurent Koscielny, e que colocou um remato cruzado aos 20 metros da balisa, ao lado do pólo direito de Hugo Lloris, o goleiro francês, que não era em capacidade de o intercepter.

Tinha acontecido a mesma coisa contra os Croatas: a entrada de um meio ofensivo, Renato Sanches, que tinha dinamizado o jogo português, e de um atacante no final do encontro, Quaresma, e o mesmo é que deu a vitória final, aos 117 minutos, num « contra » feito a quatro (iniciado por Sanches, prosseguido por Nani, finalizado por Ronaldo, e concluído por uma cabeça de Quaresma) depois dum ataque terrível da Croácia, que tinha acabado por um remato no pólo português. Nos dois jogos, das oitavas e da final: um pólo que poderia ter acabado com as ambições portuguesas (aos 92 minutos contra a França, aos 116 minutos contra a Croácia), a entrada de meio de terreno (Moutinho aos 66 minutos contra a França, Sanches aos 47 minutos contra a Croácia) e de um atacante na segunda parte do tempo regulamentar (Éder aos 79 minutos, Quaresma aos 87 minutos), que acaba por golear no final da prolongação (aos 109 minutos contra a França, aos 117 minutos contra a Croácia). Soporífico (nenhum tiro no alvo no tempo regulamentar Croácia-Portugal, uma primeira desde 1980 num oitava de final de Euro, e nenhum golo no tempo regulamentar França-Portugal, uma primeira numa final de Euro desde a criação deste campeonato em 1960) mas muito táctico. Uma arma secreta vitoriosa.

Se globalmente, o coaching de Didier Deschamps foi excelente durante todo o Euro, e durante a final, houve uns erros que custaram muito aos Franceses desta vez: Payet, que fez uma final bem média, foi substituído tarde demais por um Coman muito bom. Sobretudo, depois da ocasião de Gignac aos 92 minutos, ele disse aos seus jogadores de ficar calma e de reposicionar-se. Antes da primeira prolongação, ele ainda ordena de « aguardar o jogo » e « ficar serenos ». Mesma coisa entre as duas prolongações, enquanto ainda não houve nenhum tiro tentado pela França desde 15 minutos: « Vamos ter esta ocasião, ficam nos seus lugares. » A esperar demais uma ocasião, enquanto os Portugueses já tinham mudado de táctica, era mesmo tornar-se vulnerável frente a um feito individual português, e isto sabendo que, como o mostrou o caso do jogo contra a Croácia, a defesa português reduzia ao máximo o risco de erro. Talvez, além do asar (como no pólo de Gignac), é esta estratégia do wait and see numa grande parte dos segundos 45 minutos, e sobretudo nas prolongações, que custou a taça ao país hospedeiro. Houve uma ilusão de dominação, quebrada pelos Portugueses nos 30 últimos minutos, que faz pensar que a derrota francesa não é tão injusta como muitos torcedores o pensaram.

A seleção portuguesa no Campionato de Europa de 2016 em França. Rui Patrício está na balisa. Na defesa: Pepe, José Fonte, Raphaël Guerreiro, e Cédric. William Carvalho complete o schema de 4-1-3-2 inicial, no carga de meio-defensivo. Adrien Silva (substituido por João Moutinho no 66° minuto), João Mário e Renato Sanches (substituido no 79° minuto por Éder) ocupam o meio-ofensivo. Ronaldo e Nani estão à frente, no entanto, o capitão sairá depois de 25 minutos de jogo, substituido por Quaresma. Pepé é nomeado « homem do jogo ».

A seleção portuguesa no Campionato de Europa de 2016 em França. Rui Patrício está na balisa. Na defesa: Pepe, José Fonte, Raphaël Guerreiro, e Cédric. William Carvalho complete o schema de 4-1-3-2 inicial, no carga de meio-defensivo. Adrien Silva (substituido por João Moutinho no 66° minuto), João Mário e Renato Sanches (substituido no 79° minuto por Éder) ocupam o meio-ofensivo. Ronaldo e Nani estão à frente, no entanto, o capitão sairá depois de 25 minutos de jogo, substituido por Quaresma. Pepé é nomeado « homem do jogo ».

Do lado francês, Didier Deschamps, forte das suas escolhas relevantes ao longo da competição, colocou, logo no início do jogo, Bacary Sagna, Laurent Koscielny, Umtiti e Patrice Evra na defesa. Ao centro-direita, Moussa Sissoko faz um jogo de grande qualidade, muito ofensivo, sem pausa durante toda a sua presença no terreno; Dimitri Payet, ele, é substituido no centro-esquerda à 58° minuto por Kingsley Coman. Paul Pogba e Blaise Matuidi occupam o meio de terreno. Em ataque, Antoine Griezmann é à direita, e Olivier Giroud à esquerda, substituido à 78° minuto por André-Pierre Gignac. Enfim, na balisa, o excelente Hugo Lloris assuma o papél de capitão. A pesar da sua boa prestação, Sissoko é substituido, ao 110° minuto (logo depois do goal português), por Anthony Martial.

Do lado francês, Didier Deschamps, forte das suas escolhas relevantes ao longo da competição, colocou, logo no início do jogo, Bacary Sagna, Laurent Koscielny, Umtiti e Patrice Evra na defesa. Ao centro-direita, Moussa Sissoko faz um jogo de grande qualidade, muito ofensivo, sem pausa durante toda a sua presença no terreno; Dimitri Payet, ele, é substituido no centro-esquerda à 58° minuto por Kingsley Coman. Paul Pogba e Blaise Matuidi occupam o meio de terreno. Em ataque, Antoine Griezmann é à direita, e Olivier Giroud à esquerda, substituido à 78° minuto por André-Pierre Gignac. Enfim, na balisa, o excelente Hugo Lloris assuma o papél de capitão. A pesar da sua boa prestação, Sissoko é substituido, ao 110° minuto (logo depois do goal português), por Anthony Martial.

« É cruel, mas é o alto-nível. » A análise do treinador francês, Didier Deschamps, à saída do jogo, é implacável. Ele nem disse que é injusto, apenas constatou só que os seus jogadores faltaram de realismo frente à balisa. E de sorte, seja com a cabeça de Griezmann (onde Rui Patrício estava vencido), seja com o pólo de Gignac. O goleiro português fez um jogo incrível, com um recordo de maior número de remates parados por um goleiro numa final de Euro. « Cruel demais », « O sonho quebrado », « A desilusão »... Todos os títulos da imprensa francesa vão no mesmo sentido: a França era melhor do que o Portugal, mas perdeu. E não foi imerecido pelos Portugueses, que guardaram um mental de ferro. Soporífico não quer dizer imerecido, em nenhum caso.

« Quem se lembra ainda da Grécia de 2004? » Esta pergunta vei na boca de alguns comentadores franceses, frustrados pelas modalidades da derrota francesa, e que queriam sublinhar a feiúra deste Portugal. Mas esta reflexão é errada. Primeiramente porque este team português tem grandes jogadores, e certos muito famosos, nos quais Cristiano Ronaldo, capitão da seleção, e Pepe, pilar da defesa apesar da sua agressividade que já custou cara à seleção no passado (como por exemplo num jogo contra a Alemanha na fase de grupos do Mundial de 2014) – os dois atuam atualmente no Real Madrid. Sobretudo, Portugal tem uma verdadeira cultura do football, ao contrário dum país como a Grécia. Pelos seus clubes (Sporting, e sobretudo Benfica e Porto), e pelas performances da seleção nacional esses últimos anos, Portugal inscreve-se na duração como um grande team, como um dos grandes do football europeu e mundial. Se Portugal volta a adoptar um jogo atrativo, esqueceremos a táctica defensiva adoptado pelo treinador nos dois jogos onde encontrou-se frente à um ataque melhor do que o português, ou seja, a Croácia e a França. Quem se lembra ainda do jogo pouco atrativo da Itália em 1982, ou do Brasil em 1994? Poucas pessoas, porque são dois teams performantes, duas equipas que costumam contar nos grandes do football mundial, e a final, as performances deles aqueles anos, em 82 e 94, permitiram a esses dois país de colocar uma « estrela » a mais nas camisas deles.

A realidade da frustração francesa vem também de um complexo de superioridade da França sobre Portugal. França costuma vencer Portugal, e os torcedores viram a final a chegar com a sensação que, depois daquele contra a Alemanha onde os Franceses ganharam 2-0 em Marseille, esse jogo contra Portugal já era ganhado. Aliás, famosa frase do antigo jogador inglês Gary Lineker, « o football é um desporto que joga-se onze contra onze, mas no final, é sempre a Alemanha que vence »; e, duma certa forma, o público, e ainda mais o público francês, tinha-se habituado ao fato de « o football [ser] um desporto que joga-se onze contra onze, mas no final, é sempre Portugal que perde ». Os 14 jogadores da seleção portuguesa que ocuparam a relva em 10 de Julho inverteram a « maldição » que pesava na história deste team... para o grande prazer dos seus torcedores, mas ao custo duma grande frustração dos Franceses. Da mesma maneira que a Itália venceu enfim a Espanha (2-0 nas oitavas), o que não tinha acontecido em competição oficial desde 1994; da mesma maneira que a Alemanha venceu enfim a Itália (1-1 e pênaltis, nas quartas), o que nunca tinha acontecido em oito encontros em competição oficial; a da mesma maneira que a França venceu a Alemanha (2-0 nas semi-finais), o que não tinha acontecido em competição oficial desde 1958 (1990 se contamos a seleção da Alemanha de Leste), Portugal venceu pela primeira vez (em quatro encontros: 1984, 2000, 2006, 2016) a França em competição oficial – a última vitória portuguesa tinha acontecido em jogo amigável em 1975...

Este título ganhado pela seleção, e que vem recompensar anos e anos de « joga bonita » sem vitória final, esperamos agora que, uma vez esta taça nas mãos, Portugal voltará ao estilo de jogo que costumamos o ver adoptar. No entanto, a prolongação do contrato de Fernando Santos até o Euro 2020 ao carga de selecionador não permite pensar que, no próximo Mundial na Rússia e para festejar os 60 anos da competição do Euro, Portugal oferecerá um outro rosto. Se a permanência desta estratégia permite ganhar uma taça de Mundial, porque não? Mas esta táctica necessita também ter sorte, e isto não se decreta, como o fez lembrar, em Setembro passado, a derrota da Seleção (que atuava sem Cristiano Ronaldo nem Renato Sanches) no seu primeiro jogo nas qualificações ao próximo Mundial, 0-2 em Suíça. Geralmente azarados, os Portugueses não podem sistematicamente contar com uma sorte que os fez tantas vezes falta, e vão ter que perfecionar o jogo deles. Têm um ano e meio para isso, daqui a 2018!

Euro 2016: a consagração do football português
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