Como combinar o gosto pela viagem e a partilha de competências? Em França, a experiência inovadora de Pack Your Skills
Iniciativas existem pelo mundo para experimentar inovações originais, fora dos quadros institucionais oficiais. É o que a filósofa francesa Cynthia Fleury chama « ilhas de inovações ». Essas experiências, individuais ou locais, inovadoras e de boas práticas, ilustram a credibilidade de uma conversão gradual da nossa sociedade a um sistema mais sustentável – e mostram que muitas vezes, o cidadão está um passo a frente da escala política.
Entre essas « ilhas de inovação », achamos iniciativas, muitas, com alvo conciliar o gosto da viagem ou da partilha, e as necessidades de uns e outros. Couchsurfing, Woofing, compartilhamento de trajeto, são exemplos de conceitos simples que encontram um grande sucesso, e que ajudam as pessoas favorecendo os encontros. Além desses exemplos, podemos achar iniciativas que promovam a viagem, e para as quais o trabalho seria ao mesmo tempo uma fonte de prazer e uma ocasião de encontrar o outro. É o caso de Pack Your Skills.
Os jovens não faltam de competências técnicas em informática, em desenvolvimento Web ou móvel, em grafismo, em vídeo e montagem, e elas correspondem muitas vezes a missões em particular das quais start-ups emergentes precisam. É para aproveitar dessa realidade que Maxime Barluet de Beauchesne, atualmente com 29 anos de idade, co-fondou em 2016 Pack Your Skills, projeto associativo que deve permitir aos apaixonados da viagem de valorizar as suas competências técnicas ao benefício de uma start-up de um outro país, que os hospeda e oferece refeições, no âmbito de uma missão em particular, de duas semanas máximo. O acendedor de lampiões (O AdL) o entrevistou em 24 de Dezembro de 2017 para entender como construiu-se esse projeto original, em que medida a sua filosofia é caraterística de uma época, e quais são as suas perspetivas de desenvolvimento.
Maxime Barluet de Beauchesne, nascido em 10 de Abril de 1989 e graduado de uma formação de engenheiro da ECAM de Rennes (França) em 2014, acumulou esses cinco últimos anos as experiências profissionais no mundo do desenvolvimento sustentável, da Responsabilidade Social Empresarial (RSE), ou ainda o emprededorismo social. Grande viajante que se define como « humanista », ele co-fundou a associação Pack Your Skills, e a empresa Instinkto que acompanha as empresas na definição da sua visão e dos seus valores.
O acendedor de lampiões: Você pode nos apresentar em algumas palavras o projeto Pack Your Skills ?
Eu co-fundei Pack Your Skills há um ano e meio. A associação permite aos viajantes de juntar-se a estruturas do emprededorismo social, fazer uma missão baseasa nas suas competências, e ser alimentados e hospedados em troca. Foi a partir dos sistemas como o Woofing, com a ideia que seria bom usar as nossas competências (em vez de só usar os nossos braços), de o fazer num universo um pouco citadino, e num emprededorismo social para o promover. A grande ambição por trás Pack Your Skills, é promover uma vontade de reenvolver-se no seu trabalho, de dar de novo senso, porque para nós, é uma das chaves para desenvolver-se e ir em direção de um mundo mais equilibrado, mais social, mais solidário.
O AdL: A que estado está o projeto agora?
Agora, tivemos três vagas em 2017. Isso quer dizer que temos prototipado o conceito com três vindas de viajantes em Paris: em Março, em Junho e em Novembro. Tivemos quinze viajantes, para onze nacionalidades, entre 18 e 38 anos, e que vieram cada vez uns quinze dias em uns quinze projetos. Fizeram missões em foto, em vídeo, em grafismo, em web design e em web development.
O ano 2017, era realmente para ver se o conceito podia existir. Se isso já podia funcionar. […] Ninguém nunca tinha feito isso dessa maneira, portanto era realmente para ver se era possível, e para experimentar muitas coisas diversas, pouco a pouco. E desenvolver o site Web. Os primeiros viajantes vieram numa oferta PDF que tínhamos colocado em Dropbox e que tínhamos partilhado no Facebook! Os últimos viajantes vieram inscrevendo-se no site, criando o seu perfil no site e postulando diretamente no site. Portanto isso evoluiu também ao ritmo das vagas.
O AdL: Nenhum critério de seleção?
De fato, não somos nós que deram os critérios. São as empresas que recebiam os candidatos, que trocavam com eles por Skype geralmente, e que escolhiam. […] Porque que quando digamos que é em troca de hospedagem e alimentação, é o emprededor geralmente que hospeda e que alimenta em casa dele. Portanto trabalhamos juntos durante uns quinze dias, e vivamos juntos durante quinze dias. Em Março de [2017], recebimos uma das viajantes para experimentar o conceito connosco, para ver o que era e o que propunha aos outros, e entender que quinze dias, é bastante consumidor de energia, pede tempo. E é genial! Era Milita, que vei da República checa, que é grafista e que fez todo o visual do site. No site que temos hoje, a Home Page é 100% « designada » por Milita, e todas as outras páginas são inspiradas pelo design que ela criou. Depois, foi preciso codificar isso tudo, mas ela tinha produto todo o visual. Dai, é uma experiência genial, mas é cansativo, pede tempo, pede energia, portanto é importante saber com quem vais passar quinze dias. E é por isso que nós, não queremos escolher para os projetos.
[…] O perfil que fazemos criar [no site], é um pouco como um CV, e ao mesmo tempo não demais. […] Têm que falar das suas experiências e da sua formação, mas mais sob a forma de subseções. Para que eles « se contam ». Porque queremos também permitir a pessoas que auto-formaram-se dizer o que eles fazem. Eles podem colocar links, e depois perguntamos também dar uma citação inspiradora, dar os seus valores, apresentar-se. Temos mais alguns pontos assim que vão na introspectiva, que permitem falar mais da personalidade, porque pensamos que é importante, que isso deveria ser importante no recrutamento também. Dai, é uma maneira de o promover, e para eles de abrir um canal de diálogo no momento em que vão trocar sobre os projetos. Porque o notaram no seu perfil e que pedimos a mesma coisa aos projetos, é um critério no qual eles podem diretamente trocar porque aparece diante deles.
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O AdL: Desde o lançamento, você encontrou um ou duas grandes dificuldades? E que lições você tirou?
Há várias. A primeira, é a do business model. Quando o criamos há um ano e meio, tínhamos ideias de business model, mas sem saber exatamente onde íamos. A ideia, foi de lançar o conceito o mais rapidamente possível, para ver já se isso podia existir, porque era algo de relativamente novo. Ninguém nunca tinha feito isso. E todos aqueles que o faziam, era a primeira vez que eles viajavam dessa forma. Portanto queríamos ver se era possível. E de fato, entendemos hoje que não desejemos realmente nos lançar numa dinâmica de levamento de fundos. Não vemos necessariamente a coerência em relação, nem à nossa atividade (pois criamos voluntariado), nem em relação a o que tentamos promover. Mas dai a atividade a curto prazo é cronofágica e não é lucrativa. São os projetos que pagam para receber os viajantes. Eles o fazam por donação libre, e dão em média uns cem euros. Como em um ano, recebemos quinze viajantes, recebemos 1 500 euros. Não é lucrativo.
Há ideias de business model, que chegam depois, mas hoje entendemos que é realmente uma associação que deve viver... como um associação! Que vai ter que desenvolver-se primeiro com pessoas realmente investidos porque eles acreditam na atividade, acreditam no potencial de impacto, querem continuar aquela missão. E a longo prazo, se podemos recrutar um diretor ou uma diretriz, empregados poderão fazer funcionar toda a parte operacional. Dai, foi a grande dificuldade, entender pouco a pouco que não avançamos nisso. Hoje, vamos mobilizar a equipe. Vamos lançar uma chamada aos que querem ver esse projeto viver, para que eles agem e participam. Quadramos o suficiente, sabemos onde queremos ir. Portanto agora, é ver quem quer participar e como podem participar. Somos olhando se podemos ter subvenções, ou fundações que participam. Porque dai, entramos em muitas coisas. Entramos em muitas problemáticas juventude, em problemáticas de mobilidade desses jovens (ao nível europeu em particular), sobre o desenvolvimento do emprededorismo social, o envolvimento cidadão, etc.
O AdL: Você dispõe de uma rede de empresas ou de associações?
Temos uma rede… e não temos rede. Temos vários projetos em Paris, que já ouviram falar de nós. Mas mesmo se as empresas que fizeram a experiência aderam e quotizam todos os anos, não é suficiente. Para sair 100 000 euros que são dois salários não muito elevados, seria necessário 1 000 missões por ano. É enorme.
Depois, pode haver empresas, escolas, que são interessadas, e há provavelmente outros business model que vão chegar e associar-se pouco a pouco, mas isso necessita engordar e isso necessita tornar-se internacional antes. Há outras comunidades que me inspiram muito (entre os quais MakeSense, para o qual eu participo), que acho geniais e que têm verdadeiras comunidades super envolvidas ao nível internacional de muitas pessoas voluntárias. Há os Couchsurfing, que são mais próximos de o que nó fazemos e que são também super inspiradores, porque em muitas cidades, comunidades vivam « por boa vontade ». Isso, são comunidades nas quais queremos nos basear também. Tomará volume quando muitas pessoas apropriarão-se também Pack Your Skills, desejarão o desenvolver como querem, onde eles são.
A ideia seria fazer uma primeira cidade europeia fora de França, para acolher viajantes, o próximo ano (em 2018).
O AdL: Você pode nos dar um exemplo sucedido de troca (entre uma start-up e um viajante), que para você ilustra a ideia que você se faz de Pack Your Skills ?
Há realmente vários. Temos vários viajantes que nos disseram que a experiência que viveram com Pack Your Skills tinha mudada a sua vida. Foi por diferentes maneiras, mas globalmente, nós, os impactos que procuramos ter, é que eles se envolvem no seu trabalho, que eles querem por à disposição as suas habilidades por uma causa no terreno, e que eles mudam a relação que eles têm com o trabalho em relação a hoje. Milita, que recebemos aqui, pediu-me uma carta de recomandação há pouco tempo porque ela quer ir trabalhar no estrangeiro agora. Ela é super orgulhosa, super feliz. Isso a transformou. É alguém de super introspectivo, que nunca realmente viajou assim, e que o fez de repente, sem saber bem porquê. E a transformou, ela o disse várias vezes.
Uma outra experiência que gostamos muito, que faz parte da primeira vaga, é a de Anna, que é grafista e fez o design de um jornal que chama-se Le Dranche, que é em Paris. É um jornal que, para desenvolver o espírito crítico, trata de toda a atualidade sem nunca escrever eles mesmos os artigos. Eles fazem escrever artigos por alguém que é em favor, e por alguém que é contra. Dai, no jornal, vamos ler o em favor e o contra, com muitas vezes opiniões muitas claras, muito extremas. […] Eles tinham lançado dois números e feito o design um pouco à sua maneira. Anna, que vei da República checa, criou tudo o design que é ainda usado hoje. Ela esteve quinze dias em casa de Florent, que adorou a experiência, e que a recomandou no exterior. Ele não parou de repetir que era bem além do que eles esperavam. E na vaga a seguir, sobre cinco viajantes, três tinham ouvido falar de Pack Your Skills por Anna. Tínhamos outras candidaturas, mas as mais motivadas eram aquelas vindas por Anna, e nós não fizemos as escolhas, são os próprios projetos. Ela testamunhava em todo lugar, ela tinha fez um speech à universidade onde ela tinha estudada e onde ela trabalha agora, ela tinha feita um artigo sobre isso.
O AdL: Isso dá vontade aos viajantes de levar Pack Your Skills no país deles?
Totalmente. Temos viajantes que conhecem o nosso contexto, portanto sabem que ainda não o temos lançado no exterior. Eles nos dizem que logo que queremos o lançar no estrangeira, eles são prontos. Sobre os quinze viajantes, temos onze nacionalidades, o que é bastante incrível. Globalmente Europeus, e um Argentino, dois dos Estados-Unidos.
O AdL: E como eles ouviram falar? Na República checa por exemplo, como entenderam falar de Pack Your Skills ?
Facebook! Os dois canais de atribuição hoje, é Facebook e Couchsurfing. Aliás, é um dos grandes challenges, fazer conhecer-se. É um conceito bonito, mas enquanto não somos conhecidos… E como temos vocação a ser conhecidos ao nível internacional, é preciso comunicar em todo lugar. E isso, é super cronofágico no início. Cada vaga, eu a « post » no Couchsurfing e em cinquenta grupo Facebook. Cada vez que temos uma vaga, eu sou bloqueado por Facebook porque sou identificado como « spam ». Porque eu « post » em demais grupos diferentes. No entanto, temos posts alvos em grupos alvos, mas de fato o volume é demasiado importante para eles, e dai eles me bloqueam sobre 24 horas. E depois, se continuas demais, eles o fazem uma semana.
O AdL: Segundo você, o que dizem conceitos como Couchsurfing ou Pack Your Skills sobre a noção de partilha numa sociedade que qualificamos muitas vezes de individualista?
Uma das coisas que eu adoro nesse projeto, é que leva muito entusiasmo. Logo, as pessoas acham a ideia super entusiasmante, e querem o fazer. Seja com projetos para conceber, seja para viajar. E há muitas pessoas que nos dizem que querem isso. Portanto sentimos que são abertos a isso. E as críticas que que podemos ter são sobre dilemas, ou seja a precarização do trabalho. Em particular em [empregos] creativos com os quais ouvimos que trabalhar gratuitamente, provoca muitos danos. Tivemos reações que são um pouco violentas a esse nível. Mas nunca sobre a noção de partilha. E pelo contrário, as pessoas são bastante abertas a isso. […] É um dos maiores pontes de sucesso que eles valorizam, essa partilha que tiveram. Para o viajante, descobrir. Eles têm sensação de ter trabalhado em Paris, de ter encontrado Parisienses, de ter vivido como Parisienses. Portanto é a partilha com Parisienses que permanece mais. E para os projetos, eles têm impressão de ter viajado com eles, de ter encontrado alguém, de ter partilhado momentos loucos. Temos um dos hóspedes que foi embora, depois, para República checa encontrar um viajante. Para as férias!
O AdL: Quais são as perspectivas de Pack Your Skills? O que veremos se formos ao Pack Your Skills daqui um ano?
Que abrimos em muitas cidades! Pelo menos na Europa, pois para questões de visto, é muito mais confortável estar na Europa. […] E ainda mais é menos caro. Muitos viajam barato, em autocarro, etc. Portanto basicamente, preferemos mais abrir em cidades europeias.
Estamos num verdadeiro momento chave, porque sabemos que não podemos ser financiado por Pack Your Skills. É super cronofágico. Portanto é no desenvolvimento de outras atividades que são coerentes com a ambição de Pack Your Skills, mas que são outras profissões, e que são cronofágicas também. Ai, a ideia de 2018, é de o abrir. Quadramos suficientemente o projeto. Agora, sabemos como queremos que o projeto seja, ou não seja. Dai, agora somos muito mais confortável para acolher malta que quer desenvolver o projeto. Ai, é realmente a ambição do início do ano. Há uma onda que vamos relançar bastante rapidamente, eu acho para ABril [de 2018]. Depois da chegada de viajantes em Abril, para termos atualidade, e depois é realmente dizer: ok, criamos o conceito, a plataforma já é amplamente desenvolvida, as comunidades existem, a « imagem de marca » começou a existir. Há testemunhas. portanto grandes esforços foram feitas. Agora, falta ainda um pouco mais para que cresce realmente a grande escala. E agora precisamos pessoas que se juntam a nós, e que nos digam: ok, venho participar. Assumo a carga da comunicação em tal rede social, etc. Supõe uma reparticição, viver como uma verdadeira associação, com muitos voluntários que tomam a carga das responsabilidades. Com um que vai buscar os financiamentos, para que logo que temos financiamentos, podemos internalizar alguém que recrutamos... Eu, hoje, quero desenvolver a associação de forma estratégica, e continuar a desenvolvê-la de forma operacional até haver um financiamento, para ai poder recrutar alguém, ou até uma equipe para continuar a desenvolvê-la ao nível internacional.
O AdL: Última pergunta, qual conselho estratégico você daria para alguém que deseja iniciar um projeto associativo?
Há uma associação que eu gosto bastante, que chama-se Ticket for Change, que repite a todas as pessoas que acompanha: « Apaixonam-se pelo vosso problema, não pela vossa ideia ». E até com Pack Your Skills, precisávamos tempo a distanciar-se da ideia, pois tivemos a ideia primeiro, e a perguntar-se qual é o problema que queremos resolver. E de fato, uma vez que identificas qual problema queres resolver, isso liberta muito mais e isso permita pegar curvas mais rapidamente, isso permite questionar-te [sobre] a melhora forma de responder a esse problema, etc. E eu penso que és muito mais relevante e muito mais rápido no desenvolvimento se baseias-te num problema em vez de basear-te numa solução. Caso contrário, veis ter muito egocentrismo, será bloqueado na tua solução, vais ter dificuldade em distanciar-te dela, vais ter dificuldade a avançar. Certas vezes, vai ser a boa ideia logo no início, mas é raramente o caso.
Portanto questionar-se, realmente, sobre a utilidade da ideia, quel é o problema que queremos resolver, rebasear-se no problema e dizer-se: será que é essa a melhora forma de o resolver? Além disso, duramos muito mais quando somos convencido de querer resolver um problema do que se somos convencido por uma ideia. A ideia, é bom num momento, mas ficamos sem fôlego também, e duramos muito mais se digamos que é para isso que quero servir.
Podem achar de novo Pack Your Skills no seu site Internet http://www.packyourskills.com/fr e na sua página Facebook https://www.facebook.com/PackYourSkills/.