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O acendedor de lampiões

Será que as « elites africanas » ainda são... africanas? (2/2) O imobilismo intelectual das novas elites « globalizadas »

2 Juillet 2023 , Rédigé par David Brites Publié dans #África, #Identidade, #Economia

Pintura mural na escola Noroeste 1, num bairro de Maputo.

Pintura mural na escola Noroeste 1, num bairro de Maputo.

Nas ruas de Dakar, no Senegal.

Mais de um meio-século após as independências africanas, um olhar na perca de identidade de muitas elites africanas « ocidentalizadas ».

As elites africanas que, de uma forma ou de uma outra, promoveram as identidades africanas, como aqueles que tentaram emancipar economicamente seu país frente ao imperialismo econômico ocidental, especialmente na década de 1970, tiveram de lidar com a realidade das fronteiras herdadas da colonização europeia. Daí a dificuldade de defender a própria noção de « identidade(s) africana(s) », uma vez que os novos líderes africanos, aceitando essas fronteiras impostas por colonizadores estrangeiros, eram naturalmente obrigados a promover, para assegurar a unidade política desses novos Estados, o sentimento de pertença a uma nova « nação » artificial.

No seu livro Meio sol amarelo (Half of a Yellow Sun em inglês), a autora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie escreva, pela boca do seu personagem Odenigbo, um intelectual jovem e envolvido nas questões políticas no início dos anos 1960: « A única identidade autêntica, para o Africano, é a tribo. Eu sou nigeriano porque o homem branco criou a Nigéria e deu-me esta identidade. Eu sou negro porque o homem branco construiu a noção de negro para a deixar o mais diferente possível do branco dele. Mas eu era ibo antes da chegada do homem branco. » O amigo dele, o professor Ezeka, responde, sublinhando assim a complexidade da identidade africana: « Mas é por causa do homem branco que percebestes ser ibo. A própria ideia de pan-ibo formou-se só em reação à dominação branca. É preciso entender que a tribo tal como existe hoje é um produto colonial tal como a nação e a raça. » Bêbedo, Odenigbo grita para ele: « A ideia de pan-ibo existia bem antes do homem branco, pergunta lá aos idosos da tua aldeia para contar-te a tua história. » Esta reflexão é obviamente complicada, ainda mais porque a noção de « tribo », seu valor (e sua força) são diferentes segundo a realidade local, em países tão diferentes como a Costa-de-Marfim, o Zimbabue ou a Etiópia. « À independência, em 1960, a Nigéria era uma coleção de fragmentos asseguradas por uma mão frágil », escrevia ainda Chimamanda Ngozi Adichie, neste livro onde ela descreve o país dela antes e nos começos da guerra do Biafra (1967-1970).

A questão da identidade em África cristaliza-se então, a nosso ver, na preservação das identidades locais (e línguas e dialetos locais), para muitos Africanos para quem a nação herdada com as fronteiras coloniais significa a dominação de uma cultura que não é a deles. No seu primeiro livro, O hibiscus roxo (2004), a autora Ngozi Adichie escreve sobre um dos seus personagens, Eugene, um homem rico, católico fundamentalista e pai da narradora, que ele « gostava que os aldeões fizessem um esforço para falar em inglês em sua presença. Ele dizia que isto demostrava que eles tinham bom senso. » A sobrevivência dos dialetos locais é um desafio que muitas vezes não tem apoio das elites. E nem mencionamos o desprezo que o personagem de Eugene, adorador do Evangelho, tem pelas crenças pré-coloniais – práticas detestáveis de pagãos ignorantes, claro! Como muitas pessoas, ele tem um desprezo categórico pelos seus antepassados que não acreditavam na fé do Cristo importado pelos Europeus no âmbito da colonização.

As elites políticas e econômicas da África subsaariana, fora de algumas excepções, evoluem em quadros de pensamento modelados por paradigmas ocidentais, e cujo ideal de desenvolvimento e de modernidade é o promovido pelo Ocidente, capitalista sobretudo. Uma realidade que tem consequências directas sobre o respeito das diferentes comunidades e identidades que compõem essas sociedades. Moçambique é exemplar desta nova elite globalizada que cortou os laços com a população e suas raízes culturais, como já o vimos o mês passado: Será que as « elites africanas » ainda são... africanas? (1/2) Nação, africanidade, modernidade: quando as noções são manipuladas

Porto-Novo, no Benim.

Porto-Novo, no Benim.

O imobilismo intelectual das novas elites

O site-web de notícias pan-africano Africa is a country explicava, em 2013: « A especificidade do exemplo africano destruiu a crença herdada de Tocqueville segundo a qual a aparição de uma classe média inevitavelmente conduz ao surgimento da democracia. Na África, a classe média tem muitas vezes nem laço social nem poder política. »

E, em muitos aspectos, a esclerose política em alguns países africanos é bem parecida com a da China, que conhece também um crescimento econômico muito forte desde a década de 1990, e essa comparação entre China e África vale ainda mais num país como Moçambique, onde, bem como na China, o partido marxista assegurou a independência do Estado e permaneceu no poder, incluindo no contexto da abertura econômica e de liberalização descontrolada nos anos 1990 e 2000. Portanto, esta reflexão do jornalista chinês Song Shinan, no jornal Caixin Wang em Junho de 2013, sobre a sociedade chinesa, é válida para muitos países da África, incluindo Moçambique: « É incontestável que a favor da recente decolagem econômica desses trinta últimos anos, um grande número de Chineses tornaram ricos. [...] Pessoalmente, tenho tendência a pensar que a classe média chinesa já se tornou, por várias formas, um grande aliado do poder e não constitua um catalisador das aspirações para uma mudança democrática. » Ele analisa sutilmente o boom do consumo dos indivíduos da nova classe média: « Podemos dizer que os membros [desta nova classe média] estão na vanguarda do consumo, mas na retaguarda na questão política. Eles estão na vanguarda do consumo, porque eles querem seguir a tendência consumista levada pela globalização e garantir que seu padrão de consumo reflete sua concepção do sucesso individual. No entanto, este consumismo e essa visão do sucesso individual reduzem neles o sentimento de responsabilidade comum ao seu mínimo. Por isso, em política, eles são bastante conservador. » Assim nasce, nas ruínas das tradições e das sociedades pré-coloniais, um mundo fundamentalmente materialista e individualista, onde o conceito de bem comum é muito relativo.

Nas ruas de Johanesburg, em África do Sul.

« Mais importante, acrescenta Song Shinan, uma parte considerável da classe média vem do clã político no poder ou se baseia em alianças com pessoas importantes para a subsistência e para impulsionar suas carreiras. Assim, eles não podem adoptar posições políticas radicais. [...] Só por medo ou por preocupação de proteger-se, a classe média, detentora de interesses velados ou pelo menos que teve poucos sacrifícios para fazer, tem tendência [...] a ter convicções políticas conservadoras. » Que relação entre esta constatação e as identidades africanas (a final, é isso o assunto deste artigo)? O laço entre os dois é óbvio, e aliás, a resposta a esta pergunta nos foi trazido em 10 de Junho de 2015 pelo escritor moçambicano Mia Couto, que declarou à Lusa, a agência de informação portuguesa, falando da sociedade moçambicana: « Nós ainda somos muito colonizados mentalmente e olhamos para a Europa como ponto de referência. Estamos sempre a pensar no nosso comportamento em função do outro […]. É realmente urgente e necessário […] criarmos um pensamento que seja fundado na realidade moçambicana, que é diversa. » Enfim: não pensar mais Moçambique como uma unicidade identitária, cuja língua portuguesa seria o pilar, esquecendo ou desprezando a importância das identidades e das realidades locais, num país onde os habitantes do norte e do centro se sentam muito pouco representados pelas autoridades nacionais baseadas em Maputo (principalmente originárias das etnias Tsongas no Sul e Makondés no extreme-Norte, ou seja, as duas que constituíram a base da Frelimo nos anos 1960-1970).

O famoso autor moçambicano lembra ainda que a Frelimo de Moçambique abandonou seus ideais iniciais para defender os interesses de classe que mantêm o sistema político moçambicano: « Não é a [mesma Frelimo do que nos anos 1970]. Eu não o reconheço. Este é um Frelimo das empresas e dos ricos. Não tenho problemas com as empresas, mas não se deve confundir isso com uma oferta política. Deve haver coerência no partido. Frelimo não pode ser ontem comunista, depois capitalista, e agora neo-liberal. » Para ir mais longe sobre o caso específico de Moçambique e os problemas ligados ao seu modelo de desenvolvimento: Mega-projectos e industrias extrativas: em Moçambique, o crescimento não assegura o desenvolvimento

Em Moçambique.

Concretamente, isto significa que aqueles que beneficiam do crescimento econômico aceitam o regime político e seus abusos: expropriações de terras e expulsões dos seus moradores, contratos com empresas estrangeiras assinados na base de actos de corrupção, exploração abusiva dos recursos naturais incluindo impactos em termos de saúde, etc. Em resuma, a classe média e os « novos ricos » de África fazem o elogio: 1) da ordem, que garante a estabilidade econômica do país e a segurança dos indivíduos (especialmente a segurança deles); e 2) e da liberdade, principalmente da liberdade econômica. Liberdade de consumir, de viajar, de empreender, de enriquecer-se. Mas o laço que os liga às valores da democracia moderna acaba aqui. Essas pessoas não defendem os valores de igualdade e de solidariedade, pois eles aceitam as injustiças sociais feitas em nome do crescimento económico e do progresso (simbolizados pelas grandes obras de infra-estruturas). Elas aceitam o autoritarismo do Estado, a negação das identidades locais, as expropriações de terras, a degradação do meio ambiente, a supremacia do português e do inglês sobre os dialectos locais, etc. Isto vala muito mais para a geração nascida com uma colher de prata na boca, cujos pais são caciques da Frelimo, do que para a nova classe média moçambicana, que até votaram às vezes outra coisa do que Frelimo nas ultimas eleições (provavelmente muitos deles votaram MDM). Mas globalmente, há uma vontade individual de entrar na sociedade de consumo, que vala mais do que o resto.

E Song Shinan continua em seu artigo de Junho de 2013, sobre a classe média chinesa – um constato que vala em Moçambique, onde o acesso à Internet ainda é bastante limitada: « Em micro-blogs, às vezes seus membros se queixam de insegurança alimentar, expropriações forçadas, de decisões judiciais injustas ou da corrupção da administração; eles também participam em eventos nas suas vidas do dia-a-dia (em geral para protestar contra danos ambientais ou outros problemas que prejudicam directamente os interesses deles), mas eles quase nunca se envolvem em associações, organizações do Partido, eleições e outras áreas sensíveis. É muito raro eles procuraram a contestar a legitimidade do regime através de suas ações ou suas palavras. » Uma contestação muito tímida, portanto, muito suave, e que é levada por muito poucas pessoas. Uma contestação que, sobretudo, raramente tende a mudar os próprios fundamentos do sistema político e econômico estabelecido. Uma contestação que também se encaixa, muitas vezes, em padrões intelectuais herdados dos modelos políticos e sociais ocidentais, não próprios às sociedades africanas.

Claro, nem tudo é um desastre, mas os aspectos positivos da aparição desta nova « classe capitalista global » (agora em África, na Ásia ontem, antes em Ocidente) são raros demais para compensar os impactos terríveis que ela implica. Em Moçambique como em outros lugares, nenhum « milagre económico » que envolva a destruição irreversível do ambiente, a degradação das condições de vida dos habitantes e a perca das identidades locais, pode ser viável ou desejável. Além de ser impulsionado por processos profundamente injustos, o crescimento econômico africano aumenta muito as desigualdades e favorisa a exploração e a estigmatização das massas reduzidas à miséria, cuja cultura é simplesmente desprezada.

Monumento do Renascimento africano, em Dakar (Senegal).

Monumento do Renascimento africano, em Dakar (Senegal).

Que futuro para as identidades africanas?

Claro, as situações são diferentes dum país pra o outro, às vezes muito diferentes, o que deixa complicado transcrever todas as complexidades das sociedades africanas atuais, em primeiro lugar porque todos os países não conhecem as mesmas dinâmicas políticas e sociais, e em segundo lugar porque incluindo em Moçambique, a língua do ex-colonizador (o português) ainda não está totalmente imposto nas áreas rurais, consideráveis e às vezes altamente isoladas. Além disso, desde os anos 1990, estações de rádio comunitário nasceram em Moçambique, em particular nas províncias, com horários em certos dialectos locais, para os promover. Igual, caminhando nas ruas de Maputo ou de Cotonu (Benim), a freqüência do uso do shangane ou do rhonga na primeira cidade, e do fon na segunda, suscita dúvidas quanto à anunciada extinção dos dialectos locais, a curto ou a médio prazo. A perca de identidade é portanto relativa, uma vez que territórios significativos ainda não são afetados pela dinâmica da globalização económica e cultural. No entanto, deve-se observar as tendências globais, que parecem cada vez mais irreversíveis, e fazer o constato de elites políticas e econômicas cada vez mais assimiladas pela cultura ocidental e adeptos de paradigmas e de referências do « Norte ».

Onde existe um risco de instabilidade política, e isto aplica-se em Moçambique como em Camarões, em Costa-de-Marfim ou na Etiópia, é na desaceleração, nos últimos três ou quatro anos, do crescimento económico, especialmente o da China, porque, como aconteceu nos países árabes nas Primaveras árabes (no entanto a comparação é difícil por causa das diferenças fundamentais entre as sociedades de África do Norte e de África subsaariana), isto traduz-se pela chegada no mercado do trabalho de milhares de jovens formados com cada vez menos perspectivas de emprego. Crescerá provavelmente um distanciamento entre a evolução rápida das expectativas das elites africanas e a realidade decepcionando, como o escreveu Francis Fukuyama em Junho de 2013: « Fortalecido pelo poder das novas tecnologias, a classe média se mostrara extremamente exigente em todos os aspectos com a sua classe política. » E o filósofo americano acrescenta: « Os recém-chegados nesta categoria são mais propensos a agir, pelo que Samuel Huntington chamava de "falha" – isto é, a incapacidade da sociedade a responder a evolução rápida das exigências sociais e económicas. » Mas incluindo se acaba por chegar uma « Primavera democrática africana », será sempre cada vez mais difícil preservar e valorizar as línguas africanas e as tradições e identidades locais, embora iniciativas multiplicam-se com este alvo.

Na região de Rhumsiki, no norte de Camarões.

Na região de Rhumsiki, no norte de Camarões.

Em São-Luís do Senegal.

Em O hibiscus roxo (2004), primeiro livro de Chimamanda Ngozi Adichie, a jovem Kambili, personagem principal, explica, falando do pai dela, um homem rico e católico fundamentalista: « A irmã de Papai, Tia Ifeoma, tinha notado que Papai era um produto puro da colonização. Ela tinha dito isso suavemente, com indulgência, como se a culpa não era de Papai, como se ela fosse falando de alguém gritando coisas sem sentido porque estivesse sofrendo de paludismo. » A autora nigeriana é desses grandes escritores africanos que, sem reivindicar livros somente políticos, conseguem trazer um ponto de visto crítico sobre a relação das elites africanas com a identidade pós-colonial complexa do próprio país deles.

O extrato a seguir é do livro Como estrelas extintas (2008), da autora camaronês Leonora Miano. Um dos três personagens, Shrapnel, é um jovem camaronês de mais ou menos 20 anos, desenraizado depois da expulsão da sua aldeia e da sua instalação na cidade. Ele sonha de um povo negro unido, mas vê com dúvidas as elites urbanas do seu país « assimilar-se » com entusiasmo a cultura ocidental e esquecer-se da língua dos seus país e as suas tradições, em nome de um consumismo e de um materialismo agressivos que seriam sinónimos de progresso. Além disso, ele tenta entender como o Norte conseguiu, desde séculos, impor sua lei e seus paradigmas a todo o planeta.

A verdade permanecia, teimosa e inevitável: Deus tinha dado aos povos do Norte, incluindo através [sua] língua, uma forma de impor sua visão de mundo. Shrapnel observava dois fenômenos em torno dele. Primeiro, ouvia um número crescente de indivíduos sem dominar nem o idioma dos pais deles, nem o dos conquistadores. Em seguida, ouvia esta minoria poderosa cujas crianças sabiam a língua dos invasores, única agora em uso nas famílias ricas, onde se imaginava desta forma ter a branca um pouco mais branca. Os primeiros, que possuíam nenhuma língua, não eram mais capaz de pensar. Os outros, os que só tinham a língua dos imperialistas, pensavam como colonos. [Eles formavam] o mundo dos que imitavam os vencedores.

Os burgueses do país vivem em mansões. Eles falam em família a língua dos conquistadores. Eles passavam suas férias no Norte, de onde vinham vestidos com sinais exteriores de sua superioridade financeira. No entanto, a vitrine civilizada só servia a esconder a desintegração total de suas mentes. Tudo que eles pareciam ter aprendido dos seus mestres resumia-se em uma hierarquiazação das relações humanas. Eles dominavam portanto as expressões mais avançadas da brutalidade. Eles formavam uma casta gravemente doente, sofrendo de problemas que a psicanálise ainda não tinha identificado. Eles não tinham nada a trazer aos seus compatriotas. Nada a deixar aos seus descendentes, fora de fortunas construídas sobre túmulos, moradias construídas sobre a derrota dos seus antepassados e a miséria dos seus contemporâneos. Eles não tinham provavelmente nada a dizer a esse Norte que os inspirava tanto. Não era os conhecendo, que seria possível entender melhor como o Norte estava sentado em cima do universo. Tudo o que se poderia aprender ao contacto deles, era até que ponto eles aceitavam a morte [do mundo dos seus pais e das tradições deles]. Até que ponto eles eram incapazes de ser modelos. Até que ponto eles só destruiriam os com quem eles eram parecidos. Eles, a elite. Eles, a elite de todo um povo. Eles desprezavam essas populações donde eles vinham. Eles as odiavam por lhes lembrar constantemente o que eles eram e nunca deixariam de ser, seja o que for.

No Norte, eles sempre seriam vassalos. Cada vez que lhes seria elogiado o domínio da língua dos colonos, o saber-viver, só seria para sublinhar que tinha-se conseguido os submeter e os remodelar. Eles, a elite. Eles, os dignitários de todo um povo. Eles eram caricaturas também, [e] satisfaziam-se disso. Sem desespero nenhum tomando conta deles. Nenhuma raiva acendia os corações deles. Eles eram escravos dispostos.

Como estrelas extintas, Leonora Miano. Publicado em 2008.

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