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O acendedor de lampiões

Diante do fanatismo e dos inimigos da liberdade, como pensar a luta?

2 Mars 2025 , Rédigé par Jorge Brites Publié dans #Democracia, #Sociedade

Era em Janeiro de 2011, num show de Souad Massi, uma cantora da Argélia que fazia a promoção do seu album Ô Houria (« liberdade » em árabe), saido em 2010. Acaso do calendário, o show caiu no contexto do início das Primaveras árabes, da queda do presidente da Tunísia Ben Ali e dos primeiros protestos no Egípto contra Hosni Moubarak. Um vento de mudanças soprava no lado sul do Mediterrâneo. Entre duas músicas, a cantora mencionou uma rápida referência ao povo tunisiano que desceu nas ruas, seguida de um « Viva a liberdade! » A simplicidade dessas três palavras, no meio de muitas análisas ou supostas análisas que as diversas mídias formulavam, surpreendeu-me. Sem palavras demais, o essencial era dito. Qualquer coisa a mais teria sido supérfluo, e a música podia recomeçar.

Teríamos quase esquecido que o próprio conceito de liberdade não é uma palavra vazia, e que ele toma um sentido concreto na resistência à opressão, à ditadura e ao obscurantismo. Isso vale tanto contra os regimes opressivos, como contra as tentativas de terrorismo que desenvolveram-se nos últimos anos. Em muitos países europeus em particular, na continuidade dos Estados-Unidos da América após ops atentados de Setembro de 2001, as políticas repressivas desenvolveram-se, em nome da segurança coletiva, reduzindo assim as liberdades. Uns elementos de reflexão.

Desde 2011, apesar de muitos movimentos de protesto em favor de mais liberdades, podemos constatar que as liberdades conhecerem certas contratempos. As guerras, na Europa de Leste e no Oriente Médio por exemplo, as medidas securitárias em resposta aos ataques terroristas, os sucessos das forças conservadoras, extremistas, ou das ditaduras, o medo e as tensões sociais ou comunitárias, todos esses elementos criam um clima muito desfavorável às liberdades. Cada vez mais pessoas dizem-se nostálgicas das ditaduras e da sua suposta estabilidade. É verdade em muitos países árabes, como também em muitos Estados europeus. Em 2007 por exemplo, um sondagem realizado no Portugal pela BBC colocou António de Oliveira Salazar, pilar da ditadura que conheceu essa nação entre 1926 e 1974, como « a personalidade e mais importante da história » do país; uma tendência confirmada por outras pesquisas desde então. Igual na Alemanha de Leste, quando foram celebradas os trinta anos da queda da Cortina de ferro em 2019; muitas pesquisas mostraram então uma certa nostalgia dos aspetos positivos do regime comunista. Um erro de julgamento terrível, que néao ajuda a luta pelas liberdades, ao benefício de uma suposta estabilidade ou prosperidade fantasiada. Há uma dificuldade para pensar um futuro melhor, dai as pessoas agarram-se a um passado fantasiado. Essa realidade não impede críticas reais e fortes contra as faltas e os erros do capitalismo como o observamos, no Portugal desde 1974, e na Alemanha desde 1989, por exemplo. Esquece-se muitas vezes que o combate pela liberdade tem um preço, várias vezes sangrento; a submissão e o silêncio têm também um preço sobre as nossas vidas.

Nos países ditos democráticos da Europa e da América do Norte, esquece-se muitas vezes que a libredade não é uma noção estática, que ela necessita a defender e animada constantemente. Achamos muitas vezes como adquiridos os direitos ganhados depois de décadas e séculos de luta (o fim da escravidão ou da servidão, o sufrágio universal, a igualdade entre homens e mulheres, etc.). É essa certeza, acrescentada às dificuldades materiais cotidianas, que explica que as pessoas se mobilizam-se tão pouco quando é preciso defender direitos ou liberdades em perigo. É isso também que explica que as pessoas aceitam tão facilmente conceder liberdades em troca de um sentimento de segurança.

Resultado: sem cair na caricatura, a nossa sociedade multiplica as semelhanças, pouco a pouco mas de maneira muito concreta, com o mundo totalitário descrito no livro 1984 de George Orwell. Escuta da vida privada dos cidadãos (pelas redes sociais ou nas próprias casas das pessoas), aumento incrível da videovigilância (apesar de ela não ter o mesmo papel do que na obra de Orwell, claro), leis de excepção que tornam-se pouco a pouco a norma, designação de « inimigos » tratados como espentalhos mas muitas vezes elusivos (os terroristas), destruição da lógica ao benefício do affecto e do sencional, guerras distantes cujo fim é imperceptível e que só nos lembramos nas mídias quando há um ataque terrorista, etc. Falta uns ingredientes nesse cocktail, por exemplo a substitução da nossa língua por uma linguagem comum simplificado – embora o uso de massa das redes sociais como Facebook ou Twitter servem ao mesmo tempo a colocar toda a gente « sob vigilância » e a adoptar uma abordagem cada vez mais minimalista da língua francesa, muito refinada em geral, e marcado por anglicismos. Enfim, muitos índices deixam pensar que não falta muito para ver o nosso sistema cair num regime caracterizado por desvios autoritários.

É preciso o lembrar: há pessoas que têm o poder político e econômico, que não têm interesse em ver os cidadãos serem realmente livres – e entre a liberdade e um « sentimento de liberdade », há um mundo; os publicitários o sabem bem, a alienação pode tomar várias formas. Num sistema representativo, onde os cidadãos só são consultados em poucos momentos cada quatro ou cinco anos, e onde mídias incultas são em conluio com as classes políticas e econômicas, o mais perigoso, é o desinteresse das pessoas. Desejamos que a romance de José Saramago, Ensaio Sobre a Lucidez publicado em 2004, não seja profética. No seu livro, o autor português (Preço Nobel de Literatura em 1998) descreve, na capital sem nome de um país sem nome, um governo perdido após eleições municipais caracterizadas por 83% de votos brancos. Incapazes de aceitar uma rejeição da sua política, os dirigentes acreditam numa conspiração, em particular anarchista internacional, que os autoriza a praticar uma repressão violenta... e a acabar com a democracia. Não mais do que as liberdades, nenhum regime de direitos políticos ou cívicos é permanentemente garantido. É preciso lembrar-se da necessidade de ficar atento a entreter a democracia e os seus valores, notavelmente num contexto de subida na Europa das extremas-direitas, que permanecem fundamentalmente contra a sagralidade de certos direitos humanos e a hóstis à democracia representativa.

Foto tirada do filme de 1984, dirigido pelo Britânico Michael Radford e inspirado do livro epônimo de George Orwell publicado em 1948.

Foto tirada do filme de 1984, dirigido pelo Britânico Michael Radford e inspirado do livro epônimo de George Orwell publicado em 1948.

A violências dos extremas: qual relação de poder construir?

Em 24 de Fevereiro de 2015, Intissar Hassaïri, ativista anti-islamista líbia, cofundadora do movimento Tanwir (« Lumières ») com Mahmoud Jibril, antigo Primeiro ministro líbio, foi assassinada por baleamento; o corpo dela foi achado na mala do carro, em Tripoli. O seu crime: ter-se oposta aos grupos islamistos e ter usado a sua liberdade de expressão para condenar os ataques do Estado islâmico na Líbia. Infelizmente, ela não é uma excepção, entre muitas mulheres líbias que conhecerem um final similar. Em 29 de Maio de 2014, a jornalista Nassib Miloud Korfana foi abatida de forma particularmente violente em casa dela, na cidade de Sebha, perto do Sahara líbio. Em 25 de Julho de 2014, a ativista dos direitos humanos Salwa Boukaakiî foi matado na sua casa em Bengazi. Oito dias mais cedo, Fariha Barkaoui, deputada (próxima da coligação dos grupos armados Fajr Libya que controla a região de Tripoli), tinha sido executada por balas enquanto estava conduzindo em Derna. Em 17 de Fevereiro de 2015, Zeyneb Abdelkarim, esposa do antigo diretor da segurança em Bengazi, foi baleada por um sniper, e faleceu três dias mais tarde no hospital. Em Agosto de 2019, desapareceu a parlamentar Siham Sergewa, raptada por um grupo armado em Bengazi, depois de ter criticado a ofensiva iniciada aquele ano (com fracasso) por Haftar contra Tripoli. Último exemplo, Hanane Al-Barassi, advogada e defendedora dos direitos das mulheres, foi baleada no carro dela em plena rua, em Bengazi, depois de ter denunciado a corrupção do filho do general Haftar, dirigente do exército na Cirenaica. Um outro país africano onde se vê grandes violências também, do mesmo tipo, é a Somália, onde, entre 2007 e 2016, tinham sidos assassinados pelo menos 45 jornalistas, matados entre outros pelos islamistas Shebab (mas também por conta de políticos que não aceitam ser criticados...); entre as vítimas, podemos mencionar a morta por baleamento, em 5 de Junho de 2016, de dia e em plena rua em Mogadiscio, da jornalista Sagal Salad Osmann.

No Bangladesh, cenários semelhantes: após o assassinato por facão de dois bloguistas, Ahmed Haider em Fevereiro de 2013 e Aviiit Roy em Fevereiro de 2015 (matados cada um na sua casa em Dacca por ter explicitado o seu ateísmo e promovido o secularismo no seu país), em 30 de Março de 2015, Washiqur Rahman conheceu um destino idéntico. Com 27 anos de idade, ele escrevia com o pseudónimo de « Patinho Feio », promovendo o secularismo e ridiculizando às vezes os fundamentalistas islamistas. Foi matado por faca em Dacca, pela mão de estudantes. Claramento, há naquele país uma forma de impunidade em relação a esse tipo de crimes. Os exemplos são ainda muitos. O Egípto tem muitos, em particular desde o golpe de Estado do exército em Julho de 2013. Depois de ter reprimido os Irmãos muçulmanos, o regime de Abdel Fattah al-Sissi oprimiu sem distinção qualquer oponente, inclusive os ativistas dos direitos humanos. Milhares de pessoas foram ou presos de forma arbitrária, ou matados durante a repressão de protestos. Em 24 de Janeiro de 2015, Shaimaa el-Sabbagh, ativista de 32 anos que tinha combatido a presidência islamista de Mohamed Morsi, era matado por buckshots da polícia durante um protesto pacífico comemorando a Revolução de 2011; casada e mãe de uma criança, ela era famosa na região de Alexandria pela sua ação em favor dos obreiros em luta.

Outros casos de violências têm a ver com a questão da liberdade e dos direitos sem no entanto ser diretamente ligado à questão da liberdade de expressão. Em muitos países pelo mundo, podemos considerar como os inimigos da liberdade todas as pessoas que, por atividades mafiosas, matam defendedores dos direitos das comunidades indígenas contra os interesses mafiosos ou privados que destroem tudo pelos seus únicos lucros. É o caso na Bolívia, na Papua-Nova-Guiné, na Indonésia, etc. O Brasil é particularmente famoso por isso. Por lembrança, as invasões de territórios indígenas aumentaram consideravelmente após a queda da presidente Dilma Rousseff, em 2016. Um contexto que ainda agravou-se após a eleição de Jair Bolsonaro, chefe do Estado desde Janeiro de 2019. Os dados publicados desde então com o Sistema de alerta de desmatamento, pelo instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), são dramáticos em relação ao desmatamento, e mostram que o fenômeno produz sobretudo em áreas privadas, preservadas e ocupadas pelos indígenas. Um dos casos mais famosos de violência foi o assassinato, em 1 de Novembro de 2019, de Paulo Paulino, no território índio de Arariboia (4 000 km², na Amazônia); ele era « guarda da floresta », ou seja, desde 2012, com outros membros da sua tribo (Guajajara), ele patrulhava no mato para impedir contrabandistas diversos. Foi matado por baleamento, numa emboscada realizada por traficantes de madeira.

Num protesto em São Paulo (Brasil), Março de 2020.

Igualmente na Europa, questões de violência afectam os defendedores dos direitos e das liberdades. Um exemplo muito ilustrativo é o das violências contra os jornalistas. Entre Outubro de 2017 em Malta, e em Fevereiro de 2018 na Eslováquia, nos dois casos, um(a) jornalista foi matado. Em 6 de Outubro de 2018, porque ela tinha apresentado recentemente à televisão uma pesquisa sobre o desvio de fundos da União europeia, Victoria Marinova, jornalista búlgara de 30 anos de idade, foi matada de forma particularmente brutal, em Roussé, no norte da Bulgária. No mesmo ano 2018, a classificação mundial da liberdade da imprensa mostrava que a mesma Bulgária ocupava o 111° lugar (sobre 180), portanto o pior Estado da União europeia nesse assunto (fonte: Repórteres Sem Fronteiras); lá, os jornalistas de mídias regionais e locais são particularmente expostos a diversas formas de pressão e de intimidação encomendadas por oligarcas exercendo um monopólio mediático e por autoridades suspeitas de corrupção e de laços com o crime organizado. Essas situações acontecem no coração da Europa, essa Europa supostamente democrática; isso lembra-nos que os desafios ligados ao Estado de direito, à qualidade do sistema judiciário e à segurança dos informadores e denunciantes (os famosos whistleblowers) permanecem vivos e pedem a cada cidadã e cidadão para ficar alerta sobre essas questões.

A violência está em todos lugares. Claro, já ouvimos muito falar dos ataques islamistas em França, os mais violentes tendo sido os de Paris em Janeiro e Novembro de 2015, e o de Nice em Julho de 2016, mas houvem muitos mais, com menos mortes mas muitos sinistres também, por exemplo o na prefetura de Paris em Outubro de 2019. Acontecerem também outros ataques islamistas na Europa e mais geralmente no Ocidente, por exemplo o contra o Museu judeu de Bruxelas em Maio de 2014, ou num mercado de Natal em Berlim em Dezembro de 2016. Mas existem também outras formas de ataques terroristas, por exemplo de extrama-direita. Os mais famosos na última década foram o de Oslo e Utoya, em Julho de 2011 na Noruega, contra ativistas de centro-esquerda, e, do outro lado do planeta, o de Christchurch contra muçulmanos, na Nova-Zelândia, em Março de 2019. Mas aconteceram também outros, por exemplo em Outubro de 2019: o ataque de uma sinagoga no Leste da Alemanha, em Halle, e o ataque contra uma mesquita em Bayonne, em França. A violência afecta às vezes outros tipos de ativistas. Por lembrança, em 9 de Janeiro de 2013, em Paris e de dia, três ativistas kurdas foram matadas: Sakine Cansiz, dirigente fundadora do PKK em 1979; Fidan Dogan, dirigente do Centro de Informação do Kurdistão; e Leyla Soylemez, jovem ativista da causa kurda. Um crime que foi amplamente deixado de lado em nome da « razão de Estado », enquanto a responsabilidade dos serviços segredos turcos é óbvia.

Que lições tirar desses eventos dramáticos? Além dos assassinatos horrorosos, a liberdade é que é atacada. Existe defendedores da liberdade, que estão perdendo a luta. Há lugares onde não há bons e maus cristãos ou bons e maus muçulmanos, bons e maus republicanos, bons et maus democratos... Só há defendedores ou inimigos da liberdade. Os seus defendedores devem assumir uma forma de radicalidade e de ausência de concessão, por a frente, os seus adversários assumem uma radicalidade e não deixam lugar ao diálogo nem ao compromisso. O objetivo não é de cair num ciclo de violências contra os inimigos da liberdade, mas existe várias formas de lutar, embora nenhum é sem risco. Podemos evocar a ação não-violenta iniciada pelo Mahatma Gandhi diante da colonização britânica. A ação não violenta, levada por objetivos políticos e sociais, pode realizar-se por vários atos simbólicos, o boicot, a não-cooperação, ou a desobediência, por exemplo. Assim, a resistência opera-se por inércia, e não por antagonismo ativo. Pode incluir também a guerra da informação (edição de cartazes, de pasquins, etc.), a arte protestatária (grafismo, música, poesia), o lobbying para sensibilizar ou impor tal ou tal escolha, a sabotagem de material na medida em que nenhuma vida humana é colocada em perigo, o recuso de recompensas ou honras, etc.

Lembramos que o combate pela liberdade tem formas muito diversas, indo da área privada (a liberdade de conduzir pelas mulheres sauditas, por exemplo) às lutas coletivas, como a pela liberdade de expressão ou a liberdade de crença. Os exemplos frequentes, no Afeganistão ou no Pakistão, de mulheres assassinadas ou desfiguradas (muitas vezes pelas mãos dos seus próximos e familiares) por ter recusado um casamento decidido pela sua família, mostrem bem que a palavra liberdade não tem (e não pode ter) o mesmo eco em todos lugares. O caso agora famoso de Nojoud Ali, jovem iemenita nascida em 1998, vítima de um casamento forçado mas que conseguiu fugir com dez anos de idade e obter o divórcio, é também ilustrativo. Outro exemplo, muito mais infeliz: em 1 de Junho de 2016, uma professora de 19 anos, no Pakistão, morreu torturada, queimada e matada por quatro homens, após ter recusado casar-se com o filho do diretor da escola privada onde ela ensinava.

O papel da sociedade civil (associações, mas também sindicatos) é obviamente capital na luta pelos direitos a as liberdades. Mas é preciso também haver uma pressão popular para ultrapassar o passo dos protestos ocasionais, praticar um ativismo melhor financiado e com objetivos de longo prazo, desenvolver uma comunição eficiente e posicionar-se em relação ao governo. E é sobretudo necessário construir verdadeiros laços de solidariedade entre defendedores da liberdade e da tolerância, além das queixas pessoais ou comunitárias. Pois a sociedade aparece muitas vezes divididas. Por exemplo, com diferenças de reações entre tal ou tal abuso contra as liberdades – a assimetria das reações não ajuda as causas, pois a indignação contra os abusos contra as liberdades devem ser globais e coerentes, frente a forças conservadores que acham sempre razões para motivar restrições das liberdades. O desafio da solidariedade entre defendedores das liberdades individuais e dos direitos sociais é também importante. Os esforços de um indivíduo, ainda mais se é uma mulher, para emancipar-se de uma sociedade conservadora e patriarcal, só têm perspetivas se ele sabe que as suas dificuldades são partilhadas e resultam de desafios sociais – e que a resposta deve portanto basear-se em laços de solidariedade e ações coletivas que quebram os tabus.

Uma multituda de pequenas ações eficientes são possíveis e merecem ser desenvolvidas: grafites nos muros de prédios, lançamentos de balãos com mensagens escritos, acampamentos, ocupações temporárias de espaços (cafés occupados por mulheres por exemplo), rádios clandestinos, petições, vídeos e mensagens nas redes sociais, zombaria, ou ainda boicote. E Internet aumenta as possibilidades. Contudo, é preciso antes de tudo assumir a relação de luta contra os inimigos das liberdades. Assumir o fato de haver uma luta pelas liberdades e os direitos fundamentais.

A comunicação tem um papel central. Longe de qualquer sentimento de superioridade ou de desprezo das massas, os ativistas democratos têm um dever pedagógico óbvio sobre os direitos. O combate supõe também a capacidade em difusir mensagens. Em muitos países, são mensagens obscurantistas, muitas vezes influenciados pelo fanatismo religioso, que dominam a paisagem mediático e cotidiano das últimas décadas, e os defendedores da liberdade não viram esse fenômeno surgir. Agora, jovens entendem que há uma batalha a assumir a cerca da imagem. Por exemplo, num país como a Mauritânia, na África de Loeste, podemos mencionar o caso de MicroMbedda (« microfone na rua » em língua pulaar), uma iniciativa na qual um grupo de jovens artistas do bairro Arafat, na capital Nouakchott, realizou em 2015 um vídeo, Boko Halal, onde eles defenderem a praça da música nas sociedades muçulmanas. Essa associação base-se em jovens do bairro para desenvolver atividades concretas: hip-hop, vídeos, desporte (com também desporte feminino), etc. Defendem pela ação o direito de cada um a ser feliz e a desenvolver-se. Esse tipo de iniciativas permenecem marginais mas têm muito mérito, embora dispõem de meios limitados.

Os grandes movimentos de protestos e  pelos direitos dessas últimas décadas, por exemplo as ondas eleitorais de esquerda na América latina, as Primaveras árabes a partir de 2011, ou ainda as « revoluções coloridas » na Europa de Leste e nos Balkãs, devem antes de tudo questionar sobre as relações de poder políticas, econômicas e sociais que constituem o seu contexto, e portanto as suas perspectivas. Um movimento de oposição, num regime de ditadura, deve questionar-se sobre o dia os amanhãs. O crédito no terreno depende muito da capacidade (desmostrada) de um ator a melhorar a vida das pessoas. Tal como o Partido comunista francês nas décadas de 1950 e 1960, os Irmãos muçulmanos no Egípto até a sua chegada no poder em 2012, ou os partidos gregos de extrema-esquerda ou extrema-direita, a popularidade de um movimento base-se antes de tudo e sobretudo no seu ativismo na área social. Com essa popularidade e essa credibilidade, vem uma adesão às ideias, ao projeto, às pessoas. Por lembrança, essa citação de Amilcar Cabral, líder da independência da Guiné-Bissau e do Cabo-Verde, em Conakry (Guiné) em 1969: « O povo não luta por ideias, por coisas que estéao na cabeça dos homens. O povo luta e aceita os sacrifícios exigidos pela luta, mas para obter vantagens materiais para poder viver em paz e melhor, para ver sua vida progredir e para garantir o futuro de seus filhos. Libertação nacional, luta contra o colonialismo, construção da paz e do progresso, independância, tudo isso são coisas vazias e sem significado para o povo, se não se traduzem por uma real melhoria das condições de vida. » A luta ideológica deve acompanhar-se de ações concretas que provam a sinceridade dos que as levam, e a sua integridade. É essencial para contribuir a melhorar a vida das pessoas, mas também é estrategicamente indispensável para ilustrar a relevância dos seus valores.

Diante do fanatismo e dos inimigos da liberdade, como pensar a luta?
Praça da República, após os ataques de 13 de Novembro de 2015 em Paris. Como após o ataque contra o jornal Charlie Hebdo, em Janeiro de 2015, os Franceses e estrangeiros que se reuniram na Praça da República nas semanas seguintes expressaram a sua solidariedade às vítimas, bem como sua determinação em defender valores tão básicos como a liberdade (liberdade de vestir-se, acreditar, circular, consumir como se deseja) ou como o direito à criação.

Praça da República, após os ataques de 13 de Novembro de 2015 em Paris. Como após o ataque contra o jornal Charlie Hebdo, em Janeiro de 2015, os Franceses e estrangeiros que se reuniram na Praça da República nas semanas seguintes expressaram a sua solidariedade às vítimas, bem como sua determinação em defender valores tão básicos como a liberdade (liberdade de vestir-se, acreditar, circular, consumir como se deseja) ou como o direito à criação.

Qual regime de valores queremos para lutar contra o fanatismo? A violência, solução errada

Em 3 de Maio de 2006, a pesar da posição dos procuradores que pediam a pena de morte, o júri do trobunal federal de Alexandria, na Virgínia, nos Estados-Unidos de América, pronunciou-se, depois de dois meses de julgamento e de sete dias de deliberações, em favor da prisão perpétua contra Zacaria Moussaoui, um Francês de então 38 anos de idade, condenado por ter tentado participar aos ataques do 11 de Setembro de 2001. Parece que Moussaoui só foi salvado por uma pessoa sobre doze, a pena de morte sendo pronunciado só com unanimidade. Qual teria sido a eficiência da pena de morte, já que Moussaoui teria achado que ia a morrer em mártir? Mais geralmente, será que a abordagem pela segurança e a repressão responde à necessária luta contra o extremismo religioso? Fanáticos de todos os lados procuram uma radicalização geral, esperando ver um círculo vicioso iniciar-se, com uma escalada de violências e de subida do ódio.

Crispações identitárias e comunitárias conduzem a confrontos de civilização, e alimentam o ódio e as guerras. Era globalmente o que explicava o ideólogo sírio Abou Moussab al-Souri num livro de 1 600 páginas, Chamada à resistência islâmica mundial, acessível por Internet em 2004. Uma estratégia amplamente recuperada pelo Estado islâmico, que proclamou o Califado em Junho de 2014 a partir de territórios na Síria e no Iraque. Os muçulmanos são estigmatizados a medida que as pessoas confundem islão e islamismo funamentalista, e islamismo e terrorismo. A comunidade humilhada, discriminada, sempre considerada como uma Quinta-coluna, fortifica os seus laços internos e radicaliza o seu olhar em relação aos outros. O risco está ai, ver a crise do religioos e das identidades, a realidade das « identidades feridas », esse cocktail favorecer as reações violentas, conservadores e intolerantes. Como o explicava Kenan Malik em The Guardian em 1 de Março de 2015, « hoje, [os muçulmanos "radicalizados"] consideram-se como muçulmanos no sentido quase tribal da palavra, e transformam a sua insatisfação com uma visão extrema do islão ». E o autor indo-britânico acrescenta ainda: « O islão é uma religião mundial, o que permite aos islamistas de criar uma identidade muito local e com aparência universal. [...] Numa altura em que os movimentos anti-imperialistas são em declínio e em que a crença em alternativas ao capitalismo dissolviu-se, o islamismo radical dá a ilusão de uma luta contra um presente imortal e para um futuro utópico. »

Responder ao fanatismo pela violência, isso para ser a primeira solução. Simples, óbvia. Claro, o Estado deve assumir as suas responsabilidades em relação aos cidadãos, em particular em termos de segurança. Contudo, a solução torna-se uma fonte de problemas quando alimenta uma crispação dos sentimentos identitários, favorecidos pelas frustrações do dia a dia, mas também por eventos mais importantes e dramáticos como os atentados ou os assassinatos.

As mesmas causas têm os mesmos efeitos. Desde a guerra na Afeganistão na década de 1980 e a guerra do Golfo de 1990-1991, mas sobretudo desde as intervenções norte-americanas no Afeganistão em 2001 e no Iraque em 2003, a distância mental aumentou como nunca entre o Ocidente e o mundo muçulmano. Além disso, a estratégia imbecil da administração W. Bush foi contraprodutiva: o Iraque (e a seguir a Síria vizinha, destabilizada após a Revolução de 2011) tornou-se o centro nevrálgico do terrorismo islamista, enquanto ainda era nos anos 90 pouco afectado pelo fanatismo religioso, e em via de secularização. Igual com a Chechénia, cuja tentativa de independência foi reprimida pela Rússia a partir de 1999; tornou-se uma grande fornecedora de jihadistas, a medida que a resistência ao exército russo, muito tempo assumido por uma elite militar secularizada (« decapitada » nos anos 2000), foi recuperada, para o deleite de Moscovo, por iluminados que queriam levar o seu combate no coração do Cáucaso – uma degenerescência da luta pela independência que denunciou em 2006 a jornalista Milana Terloeva, no seu livro-testemunho Dançar nas ruínas – Uma juventude chechena.

Com a radicalização de muitos combatantes muçulmanos vindo da Ásia central, do Oriente Médio, da África do Norte e de Loeste, do Cáucaso, no âmbito de uma rivalidade crescente entre o Irã e a Arábia Saudita e das muitas intervenções ocidentais no Oriente Médio, o islão é cada vez mais visto pelo resto do mundo como uma religião violente e intolerante. Mas temos que prestar atenção às profecias auto-realizadora: dizendo ainda e ainda que as pessoas não se toleram mais, que a coexistência jamais é possível, isso torna-se uma realidade. Claro, há ódios e ressentimentos, mas foram claramente acentuadas pelas guerras atuais, num contexto de crise religiosa, em particular no mundo muçulmano, mas também em outras civilizações, por exemplo com a religião hindu. Por definição, o uso da violência fortalece o maniqueísmo dos povos, pois a guerra incentiva a caricaturar o seu inimigo, a o associar ao mal absoluto – aliás, três dos famosos « Rogue States » designados como tais pela administração W. Bush: Coreia do Norte, Irã, Iraque, constituirem, na propaganda norte-americana daquela altura, um « Eixo do Mal ».

O diálogo religioso teolígico tem também um papel, embora isso é algo que tem a ver com os muçulmanos entre eles. Em Janeiro de 2015 por exemplo, após o ataque contra Charlie Hebdo em Paris, Muhammad Tahir-ul-Qadri, erudito de origem pakistanês e lider da organisação sufi Minhaj-ul-Quran, exprimiu-se numa fatwa (aviso jurídico islâmico) de 600 páginas; no que constitui então provavelmente o argumentário teológico o mais completo contra o terrorismo islâmico, ele explicava, como o resumiu depois numa conferência em Londres, que os terroristas « não podem pretender que os seus suicídios são atos cometidos por mártires que irão tornar-se heróis da umma [comunidade muçulmana]. Eles tornarão-se heróis do fogo do inferno. […] Não há nenhum lugar para o mártir, e os seus atos nunca, nunca serão consideradas como o jihad. » Os teólogos têm um papel a assumir, embora não é suficiente enquanto as causas políticas e sociais não são tratadas. Onde prosperaram, no Irã nos anos 1970, na Palestina na década de 2000, no Egípto, na Tunísia, em Marrocos nos anos 2010, os partidos religiosos ganharam na base do fracasso das elites que dirigirem esses países durante décadas, e ilustraram a sua ineficiência, a sua submissão a interesses privados e/ou estrangeiros, e a sua desonestidade.

Estátua em homenagem à República (Lyon).

A sociedade democrática: a alternativa do gosto de viver

Os grandes textos fundadores da democracia europeia moderna – o Bill of Rights de 1689 em Inglaterra, a Déclaration des droits de l'Homme et du citoyen de 1789 em França, a Declaração universal dos Direitos humanos de 1946, a Convenção europeia de salvaguarda dos Direitos humanos e das Liberdades fundamentais de 1950, a Carta dos Direitos fundamentais da União europeia de 2001, entre outros – colocam as bases do modelo político no continente europeu num conjunto de valores de tolerância totalmente contraditórias com a ideia de fanatismo religioso. Fortos do seu sistema de democracia liberal, os Europeus fortalecem a resiliência da sua sociedade diante do fanatismo, seja islamista ou outro: não desfigurando o modelo, caricaturando os inimigos da liberdade, parecendo si mesmo com uma caricatura, mas assegurando um regime de liberdades públicas e de direitos civicos constitutivo da identidade europeia, elogiando não a exclusão de certos cidadãos, mas sim a união nacional.

Ao contrário dos esterótipos, a democracia não constitui uma fraqueza diante do fanatismo, mas sim uma força. Na sua oração fúnebre em homenagem aos mortos do primeiro ano da Guerra do Peloponeso, Pericles declarou, no século V antes de J.-C. : « A nossa constituição política não tem como desejar nada das leis dos nossos vizinhos. Longe de imitar os outros, damos o exemplo a seguir. Pelo fato que o Estado, connosco, é administrado no interesse da massa e não de uma minoria, o nosso regime tomou o nome de democracia. Em relação aos desacordos particulares, a igualdade é assegurada a todos pelas leis. […] A liberdade é a nossa regra no governo da república, e nas nossas relações cotidianas a suspição não tem nenhum lugar. Não nos irritamos contra o vizinho […]. A restrição não intervem nas nossas relações particulares; um medo salutar nos impede de transgredir as leis da Rapública; obedecemos sempre aos juízes e às leis e, entre essas, sobretudo às que asseguram a defesa dos oprimidos e que, enquanto não são codificadas, imprimem ao que as infringe um desprezo universal. »

Essas palavras, notificadas por , rapportés par Tucídides em A Guerra do Peloponeso, são completadas pela ideia que a democracia induz um gosto pela vida que não supõe só uma ideologia, só uma causa, só um combate, uma obsessão, mas pelo contrário uma diversidade de prazeres, de objetivos, de causas: « Poupamos à alma muitas recreações; instituimos jogos e festas que sucedem-se de um lado ao outro, de muitos divertimentos particulares cuja aprovação diária proibe a tristeza. » O desenvolvimento cultural dos cidadãos é portanto um caminho designado pelos primeiros batedores da democracia. « A nossa cidade é aberta a todos, acrescenta Pericles. Nunca usamos de xenelasies [manifestação praticada em Esparta, consistindo a obrigar os estrangeiros a obter uma autorização revocável para morar na cidade] para afastar qualquer um de um conhecimento ou de um espetáculo. » E o que segue faz estrenhamente eco ao contexto europeu atual: « Assim é que nos distinguimos: sabemos ao mesmo tempo trazer audácia e reflexão nos nossos projetos. Os outros, a ignorância os tornaousados, a reflexão indecisos. » Claro, Pericles, ajudado aqui por um Tucídides que deixa ver o seu orgulho patriótico, faz um retrato muito embelezado de Atenas, que teriam provavelmente contestado os seus inimigos, e até os seus próprios « aliados » da Liga de Delos. No entanto, entende-se a ideia por trás: a democracia sai fortalecida quando assume-se, a pesar das ameaças imediatas, o seu modelo e os seus valores. Foi o caso famoso de Jacinda Ardem, Primeira ministra da Nova Zelândia quando o seu país foi alvo de um fanático de extrema-direita australiano, o qual, Brenton Tarrant, matou umas 70 pessoas em duas mesquitas. Essa mulher política teve então uma retórica muito aberta, convidando os seus concidadãos à « compaixão pelas vítimas » e « à mais firma condenação possível da ideologia das pessoas [que cometeram esse crime] ». O fato de ela levar um véu durante as ceremónias de comemoração apareceu como uma forma de tolerância em relação à comunidade muçulmana de Nova Zelândia e uma certa abertura intelectual e cultural.

A cultura, as perspetivas de desenvolvimento individual e coletivo, o tempo livre, os lazeres, isso conta para permitir aos cidadãos de serem felizes, e não é para confundir cultura e evento – em resumo, Jogos olímpicos, ou um Euro de futebola, isso tudo, embora tem sucesso, nunca vale um acesso igual e contínuo à cultura e ao conhecimento. Permitir às pessoas de desenvover-se passa por investimentos importantes em infra-estruturas, animadores, desportes, artes, escolas... inclusive em bairros e aldeias que ainda hoje têm poucos. Mas não basta. Duas outras dimensões devem ser tomadas em conta, para responder ao fanatismo: a melhoria das perspetivas sociais nas áreas mais marginalizadas em termos económicos; e finalmente, a crise identitária e a insegurança cultural, no âmbito da globalização (entre outras coisas). Já mencionamos o discurso de Amílcar Cabral. Emmanuel Todd, demógrafo francês, denunciava em Maio de 2015, num canal público francês (France 2), a incapacidade da classe média alta em pensar essa solidariedade com as classes populares, no entanto necessária para resolver muitas das crises que conhecem as sociedades europeias. Ele acrescentou, falendo do seu país: « [As classes médias urbanas] não afirmam tanto valores positivas de liberdade e de igualdade, pois a França não pratica [esses valores]. Ela pratica a aceitação de um desemprego a 10%. Essas classes médias aceitam a destruição do mundo operário, elas aceitam que se perpetuam nos bairros periféricos condições que impedem a assimilação das crianças de imigrantes. Tudo isso não é a igualdade. »

Não há soluções-milagres contra o fanatismo, e apenas esse artigo oferece pistas de reflexão. O político tem poucos meios de curto prazo, no entanto há uma responsabilidade considerável sobre a resiliência do modelo democrático que é suposto encarnar. Isso passa por outras pistas do que a resposta ligada à segurança. Assumida sozinha, a segurança é indigna dos valores que os democrates pretendem levar coletivamente. Por lembrança, após os atetados do 13 de Novembro de 2015 na região de Paris, o então chefe do Estado francês François Hollande usou as semanas a seguir a anunciar promessas de segurança diversas. O escritor e historiador flamango David Van Reybrouck publicou naquela altura uma carta aberta dirigida para o mesmo: (Senhor Presidente, você caiu na ratoeira!), traduzida e publicada em muitas mídias francesas. Ele escriviu: « Existe outras formas de firmeza do que a língua da guerra. Logo depois dos atentados na Noruega, o Primeiro ministro Jens Stoltenberg defendeu sem desvios "mais democracia, mais abertura, mais participação". O vosso discurso [poderia ter] falado dos dois valores da República francesa [que são] a igualdade e a fraternidade. Me parece que precisamos mais disso neste momento, do que da vossa duvidosa retórica de guerra. »

Finalmente, a respota só de segurança é muitas vezes contra-produtiva. Lembramos que o fanatismo pode ser transnacional. É o caso notável do fanatismo islamista; tal como o Hidra de Lerna na mitologia grega, com o qual quando se corta uma das suas cabeças, duas renascem. Último exemplo: em 27 de Outubro de 2019, tropas de elite norte-americanas mataram na região de Idlib (no noroeste da Síria) o chefe do Estado islâmico, Abou Bakr al-Baghdadi (autoproclamado califa em Junho de 2016), o qual foi substituido três dias depois por um outro tenente do grupo terrorista, Abou Ibrahim al-Hachimi al-Qourachi. Em péssima postura no Iraque e na Síria, as redes terroristas, seja o Estasdo islâmico, seja Al-Qaïda, irão criar outros santuários nas margens da Ásia central, do Sael africano (após o Mali, a Líbia e a Nigéria, o Burkina Faso parece um novo alvo) ou de países onde o Estado é particularmente fraco como o Iémen. Os inimigos do fanatismo ainda têm muito trabalho para sair do beco no qual estão. Defender valores de abertura, de tolerância, de democracia, é o caminho o mais difícil, mas o mais seguro. E o mais justo.

Homenagem às vítimas de Nice, em França, após o ataque de Julho de 2016.

Homenagem às vítimas de Nice, em França, após o ataque de Julho de 2016.

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