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O acendedor de lampiões

Será que a inovação e a economia ecológica garantirão o desenvolvimento sustentável?

2 Juin 2022 , Rédigé par Jorge Brites Publié dans #Economia, #Ecologia, #Sociedade

De uma certa maneira, a inovação impõe-se cada vez mais como a nova palavra na moda nas empresas, nos governos e nas organizações internacionais, que a consideram como a resposta aos grandes desafios contemporâneos. Embora o conceito permanece bastante mal definido, ele supõe grandes ambições: a inovação tecnológica poderia assegurar a transição energética com fontes próprias; a inovação agrícola e genética poderia nos garantir a auto-suficiência alimentar; a inovação é fonte de crescimento e portanto de emprego; etc. Isso é o espírito. Do outro lado, as sociedades estão em tensão por causa de transformações profundas: transformações econômicas (globalização, nova geografia industrial, liberalizações, privatizações, financiarização), políticas (desenvolvimento de um mundo multipolar, perda da centralidada dos Estados-nações), sociais (crescimento das desigualdades, desclassificação, expropriações de terras) ou ainda ambientais (crises ecológicas, aumento dos níveis de água).

Todos esses processos combinam-se de maneira complexa e questionam os modelos políticos, econômicos e sociais observados no século XX: relação entre setores público e privado, modo de produção e de consumo, modos de financiamento. A ocasião aqui de analisar como a « inovação », qualquer que seja, pode servir para (ou contra) a construção de um mundo mais sustentável.

Já não se conta o número de chamadas para assumir uma « transição » necessária (ecológica, econômica, para uma sociedade sóbria em carbono, etc.), nem o número crescente de « soluções alternativas » em todos os setores de atividade: desde a organição de serviços urbanos e de transporte (bicicletas em livre-serviço, compartilhamento organizado de carro, etc.) até o agro-alimentar, passando pela saúde ou a educação. No setor bancário por exemplo, muitas vezes denunciadas, podemos mencionar o nascimento do microcrédito  e das iniciativas como a Nef, um banco cooperativo local nascido em 1988 em França e virado na economia social e solidária. Carro elétrico, agricultura biológica, energias renováveis, slow food (um movimento internacional que tenta sensibilizar os cidadãos à ecogastronomia e ao alterconsumo) ou ainda e-learning mobilizam cada vez mais atores, públicos e privados, e são objetos de programas dedicados. A crise constitui uma oportunidade para promover essas inovações, às quais são atribuidas virtudes opostas aos modelos convencionais: elas são (ou tentam ser) muitas vezes decentralizadas, frugais, flexíveis, inteligentes, ecológicas, democráticas. Na onda da inovação, achamos países industrializados, mas também países emergentes ou em desenvolvimento, às vezes líderes em certas tecnologias (a China na industria solar, por exemplo) e pioneiros no desenvolvimento de alguns usos revolucionários (como Mobile Banking no Quênia).

Uma série de perguntas surge naturalmente diante dessa proliferação: elas se referem à própria dimensão da inovação, e principalmente em relação às tecnologias digitais e às tecnologias verdes. Que potencialidades elas carregam? E será que sua implantação, rápida, realmente leva a uma sobriedade maior?

Será que a inovação e a economia ecológica garantirão o desenvolvimento sustentável?

Será que a economia ecológica pode nos permitir superar as dificuldades econômicas crônicas?

As dificuldades financeiras existentes desde a crise econômica de 2008 (e até antes) e a pauperização da sociedade cria novas formas de solidariedade. Revisitamos os nossos modos de consumo, por exemplo com uma maior sobriedade ou pela pesquisa de canais de compras alternativas mais éticas. Como o dizia o Francês Jean Monnet, « os homens só aceitam a mudança na necessidade e só vejam a necessidade na crise ». A rarefacção dos recursos e a concorrência das potências emergentes ameaçam a nossa prosperidade herdada das Trinta Gloriosas. Pode-se abordar esses novos desafios de formas diversas. Os governos atuais nos dizem: temos que trabalhar mais, aumentar a produtividade, limitar os salários e os direitos sociais, etc. Liberalizamos as nossas economias agora financiarizadas, deregulamos os mercados, aceleramos os movimentos de capitais no planeta, etc. Repensar o modelo é utópico, porque questionar a nossa fé no sistema implementada desde os anos 1980, ou melhor, desde 1944 com os Acordos de Bretton Woods?

Desde a crise de 2008, os impactos sociais reais do nosso sistema, e agora também os impactos ambientais, nos explodem na cara como o faria um presente do Smurf Brincalhão. Ao nível individual ou local, já há tomadas de consciência, já há reações. Neste contexto, desenvolvem-se ecogestos e a luta contra o gasto no dia a dia: consumo da água, da eletricidade, a gestão dos resíduos, os modos de transporte, as compras de produtos alimentares ou de roupe, etc. Existe um monte de iniciativas e de conselhos e partilhas gratuitos e conhecimentos do tipo: « reduzem os resíduos », « comprem de ocasião/segunda mão », « fazem bricolagem verde », etc. Longe de um « moralismo verde », é sublinhado a necessidade de adoptar comportamentos e hábitos de consumo numa lógica de sobriedade, tanto econômica como ecológica, que devem permitir reduzir as despesas domésticas. Por exemplo, um estudo de 2007 da Agência do ambiente e do controle da energia (ADEME), em França, indicou que cada familha francesa jogava cada ano vinte kilos de comida, nos quais sete não eram consumidos nem saidos da embalagem... Portanto a margem de melhoria não é anecdótica. Comprar produtos em granel, e não na embalagem, e trazer as suas próprias caixas ou mechilas para levar a comida e limitar o uso de saco plástico, são outras soluções alternativas.

Ao nível local, lojas e centros de reciclagem e recursos desenvolvem-se. Há dezenas e dezenas num país como a França, por exemplo, com quatro atividades complementares: (i) a coleta seletiva de resíduos; (ii) a triagem, o controle, a limpeza e a reparação desses objetos para dar-lhes a sua valor de novo; (iii) a revenda desses objetos a preço barato para pessoas que precisam; (iv) a educação ao ambiente. A ação desse tipo de ator inscreve-se numa dinâmica de desenvolvimento sustentável e de economia solidária, atuando na área econômica, ambiental e social com a vontade de criar empregos sustentáveis e favorecer o acesso a empregos para pessoas em dificuldade, pouco ou não qualificadas e muitas vezes com contratos de inserção.

As novas tecnologias da comunicação são muitas vezes associadas a um modelo consumerista, pois favorecem a difusão da publicidade, e criam uma acumulação de resíduos high-tech, enquanto a « nova economia » digital, com seus computadores, objetos electrónicos, devia nos liberar do uso do papel e de certos resíduos. No entanto, essas novas tecnologias, Internet em particular, criam também um monte de oportunidades para o mundo da recuperação. São lançadas plataformas de venda on-line que permitem dar uma segunda vida a certos bens. Évitant ainsi à certains consommateurs d'avoir à acheter du neuf lorsqu'ils n'en ont pas l'utilité et/ou les moyens.

Outras práticas urbanas são observadas, como a multiplicação dos jardins partilhados, ou até das ortas individuais ou familiares. Mas também iniciativas para habitações serem autônomas no plano energético (paineis solares, isolamento energético, etc.). Projetos de recuperação de águas de chuva, compostagem para desenvolver a triagem de resíduos e limitar os gastos, ou ainda as associações ou cooperativas locais para favorecer os circuitos curtos de alimentação e/ favorecer a produção biológica, são outros exemplos existentes, em crescimento e bastante relevantes.

As crises do sistema capitalista nunca foram suficientes para provocar transformações profundas do modelo econômico dominante. No entanto, sistemas alternativas marginais desenvolvam-se. Sistemas monetários alternativos, por exemplo. O Sistema de Troca Local (SEL), criado no Canada nos anos 1980, constitui uma tentativa original e corajosa de reapropriar-se a economia a um nível local. O SEL é uma estrutura associativa geralmente classificada na economia social e solidária mas baseando-se em grande parte sobre as mesmas bases que a economia de mercado. Moedas fitivas e locais desenvolveram-se em várias localidades do mundo, na Europa mas não só, e favorecem uma relocalização das atividades de produção. Além disso, esse sistema facilita a reconstrução dos laços sociais, e limitam os transportes de mercadorias (pois o circuito entre produção e lugar de consumo é reduzido ao nível local). Sites Internet de escambo até aparecerem e crescem.

O exemplo dos transportes mostramo papel assumido também pelas autoridades autárquicas, para apoiar a mudança do sistema. Além das iniciativas individuais ou privadas (uso da bicicleta, partilha organizada de carro, etc.), desenvolvem-se transportes públicos como o tramway, o metropolitano, o ônibus elétrico, etc. São criadas ou aumentadas as vias reservadas para as bicicletas e as patinetes. E de maneira mais original, bicicletas em livre-serviço; a Europa é muito para frente nesse assunto, mas até no Brasil viu-se aparecer tais sistemas nos últimos anos. Uma prática, o ciclismo, que é boa no plano ecológico, mas também para nossa saúde.

Iniciado em 2011, Autolib' foi, até 2018, um sistema de carro elétrico em livre-serviço que funcionou na aglomeração de Paris, em França. Em Setembro de 2014, ele contou 2 578 carros e 871 estações. (Crédito foto © Boudour Moumane)

Iniciado em 2011, Autolib' foi, até 2018, um sistema de carro elétrico em livre-serviço que funcionou na aglomeração de Paris, em França. Em Setembro de 2014, ele contou 2 578 carros e 871 estações. (Crédito foto © Boudour Moumane)

As promessas tecnológicas: alargar o prismo para um desenvolvimento sustentável real!

Nesse início de século XXI, formulamos uma questão legítima: será que as tecnologias « verdes » são o motor de uma nova revolução industrial? Desde a sua criação, o movimento ecológico, seja ele intelectual, político ou associativo, equilibra-se entre tecnofobia e tecnofilia. As tecnologias vão nos « salvar » das ameaças ambientais, assegurando ao mesmo tempo a nossa auto-suficiência alimentar e o nosso conforto? É provavelmente preciso relativizar a sua capacidade a transformar as nossas sociedades e os nossos modos de vida. Enquanto as invenções como o motor a vapor e a eletricidade permitiram reorganizações fundamentais da economia e dos territórios, as tecnologias « verdes » não abrem o caminho a tais mudanças: os elétrons verdes permanecem elétrons, carros « verdes » permanecem carros. O século XXI inscreve-se na continuidade daquele que o precedeu.

A principal mudança de paradigma provavelmente virá da revolução digital atual, que vai além de um conjunto de novas industriais. O que chamamos novas tecnologias da informação e da comunicação (NTIC) constituem obviamente uma ferramenta poderosa e um novo paradigma compatível com a produção e o consumo « verde ». No entanto, como qualquer ferramenta de desenvolvimento, elas podêm ser usadas ao benefício como ao custo dos ecosistemas e das sociedades. Portanto, as NTIC têm também um impacto negativo em si, embora são mais sutis que em outras industrias: os terminais e as redes consumem energia, terras raras e materiais tóxicos. Sobretudo, elas acompanham-se de modos de vida e de sistemas de produção que certamente não são imateriais, e os novos usos, mais « leves » em recursos, não se substituem a usos « pesados » mas as completam: assim, a videoconferência não substitui as viajens de avião, mas incentiva as trocas e portanto a mobilidade. Somos frente a um potencial que pode ser explorado ao benefício como ao custo do planeta, segundo as aspirações dos consumidores e os cidadãos, e segundo as orientações das forças sociais e institucionais.

Convem não cair numa fé ingênua nas novas tecnologias, e questionar-nos sempre sobre, não só a inovação tecnológica, as necessárias inovações com dimensão socio-econômica que teremos que emprestar na perspectiva de uma sociedade mais responsável – inovações socio-econômicas que interagem obviamente com a difusão das novas tecnologias. Como as nossas cidades devem transformar-se, que modelos económicos sustentáveis adoptar para colocar de novo o ser humano e o seu bem-ser no centro das suas preocupações, como puxar a evolução dos nossos modos de vida?

A maioria das revoluções tecnológicas têm um impacto socio-econômico óbvio: nos nossos modos de vida, na nossa produtividade, na nossa maneira de consumir, etc. Por exemplo, a revolução tecnológica ligada ao surgimento do carro nos Estados-Unidos, que desenvolveu-se muito com a Ford T no início do século XX, acompanhou-se de uma nova indústria, mas também de infra-estruturas e de princípios de organização que transformaram toda a economia: a idade do automóvel é também a de uma nova organização do trabalho – o taylorismo – ou de formas urbanas caracterizadas entre outras coisas pela expansão urbana. É também o desenvolvimento do consumo de massa e a aspiração ao American way of life. Hoje em dia, no âmbito de uma tomada em conta real dos desafios ecológicas e sociais, deveríamos provavelmente assumir inovações de dimensão comparável com uma revolução industrial: considerar seriamente novas formas urbanas, novos modelos de empresa, novas práticas agrícolas e alimentares, novos modos de vida. Assim, no caso dos transportes, limitar-se a uma difusão de meios de transporte limpos pode não ser suficiente para atingir os objetivos de limitação do aquecimento climático. É necessário reduzir, não o custo ecológico da conectividade mas a necessidade de viajar, e portanto pensar melhor as formas urbanas, a repartição geográfica dos serviços e dos equipamentos, etc.

Ao nível social, convem apoiar a emergência de uma economia mais colaborativa, uma economia da partilha favorecida pela revolução digital. Mutualizando os bens e dando-lhes uma segunda vida (cae s’appuyer sur l’émergence d’une économie plus collaborative, une économie du partage favorisée par la révolution numérique. En mutualisant les biens et en leur donnant une seconde vie (carona/boleia, revenda on-line de bens em segunda mão, recuperação, etc.), essa economia « paralela » já leva algumas esperanças de colaborações à escala dos cidadãos, mais pronta a adoptar uma economia verde. Sobretudo, a partilha ilustra as inovações possíveis nos modelos de empresa e nos modelos de consumo. Mas essas iniciativas permanecem claramente marginais na economia, e têm então vocação a o ser enquanto elas não beneficiem de apoio global nenhum, ainda menos organizado pelos poderes públicos.

Será que a inovação em favor do desenvolvimento sustentável é controlada?

As nossas sociedades enfrentam agora um monte de configurações invadoras elaboradas por grupos de atores heterogêneos e raramente coordenados, sem um planejamento global. No final, a eco-inovação não se substitui aos modelos dominantes (como deveria ser o caso), mas confronta-se a eles para criar um sistema híbrido no qual os modelos alternativos supostos ser mais sustentáveis desenvolvem-se em paralele, de maneira relativamente marginal. Inovar de maneira sincera e voluntarista impõe uma ruptura radical com os paradigmas que determinam o modelo dominante. Há globalmente um consenso, no discurso, em favor do princípio de « inovação ». Mas inovar não é só federar as forças vivas, associar, articular, criar sinergias; é também, muitas vezes (e como o sublinhou Schumpeter com a noção de destrução criadora), destruir, dividir, criticar.

Globalmente, os dispositivos inovadores articulam-se atualmente com os existentes. O setor agro-alimentar é muito ilustrativo disso: com modelos alternativos abundantes (circuitos curtos, labelização, agricultura biológica), os agricultores vendem muitas vezes os seus produtos em muitos circuitos para diversificar as suas rendas e estratégias. Em paralele, a grande maioria dos consumidores vão no supermercado, mas há também muitos que vão nos mercados de produtores e nas lojas bio, o que alarga o conjunto de produtos ofertos. Os sistemas co-evoluem e influenciam-se reciprocamente: as alternativas tentam atingir formas « convencionais » (intensificação, procura de economia de escala, etc.) e os setores convencionais adoptam cada vez mais uma retórica « ecológista », ou até certas práticas alternativas hoje bem integradas (bio, circuitos curtos).

Convem lembrar que os modelos alternativos não são necessariamente sustentáveis, ao contrário do que é muitas vezes afirmado: a produção energética de um painel solar ainda não compensa o forte consumo eù CO2 que exige o seu processo de fabricação; o mais fraco impacto dos circuitos curtos ainda não é desmostrado por causa do peso do « último kilômetro » quando projetamos esses sistemas alternativos nas configurações urbanas existentes; etc. Certas inovações induzem até questões sanitárias ou éticas pesadas. Por exemplo falando sobre os OGM (Organismos geneticamente modificados), as empresas disseram que não há risco para os cidadãos, o que de fato, é falso. E a independência das agências europeias sanitárias está em questão; elas devem reapropriar-se esse debate para avaliar de novo os OGM e o seu impacto na saúde dos consumidores.

Na verdade, a verdadeira força e o verdadeiro interesse desses modelos não estão nas economias de energias e de matéria, mas na sua capacidade a questionar os paradigmas existentes – e a mobilizar a economia e a sociedade através a experimentação de novas soluções.

E sobre a inovação política?

Outra questão, sobre as ferramentas da política pública para o desenvolvimento sustentável: quais são as inovações em matéria institucional, quais são as novas políticas públicas promovidas para atingir a sustentabilidade? Sabemos o papel determinante do Estado, no passado, para apoiar as grandes dinâmicas econômicas e sociais. É verdade para a maioria dos países industrializados di planeta. Atualmente, o desafio para os poderes públicos não será de « fazer tudo », « planificar tudo », « organizar tudo », mas sim, de implementar instituições e políticas públicas capazes de dar uma direção – a do desenvolvimento sustentável – e de co-construir um conjunto de soluções com muitos atores, com um objetivo de eficiência e para responder aos pedidos sociais e ambientais. Isso não significa que o Estado não tem um papel de facilitador, de impulsor, ou até de iniciador e de planificador, mas o mundo de hoje é o de economias mais dominadas pelo setor privado, e onde os membros da sociedade civil (associações, coletividades, etc.) são cada vez mais requerentes e iniciadores. O Estado permanece ator, mas mais do que nunca ele deve combinar a sua ação com a de atores não-governementais para assegurar a eficiência e a dimensão das suas ações.

Temos que reconhecer que até então, não houve grandes transformações em termos de governo dos desafios de sustentabilidade, à escala nacional como internacional. O fracasso da iniciativa Yasuni-ITT no Ecuador, em Agosto de 2013, o ilustrou muito bem, enquanto esse processo, proposto pelo governo equatoriano, era inédito e foi um verdadeiro teste. Anunciado em 2007 pelo recentemente eleito presidente da República Rafael Correa, esse projeto consistiu em preservar o território do Parque nacional Yasuni, no Equador, da exploração entre 800 e 900 milhões de barris de petróleo em troca de uma compensação financeira da comunidade internacional, à medida de 50% da falta estimada com a não-exploração do petróleo desse parque. O dinheiro nunca foi reunido e o projeto morreu logo no seu lançamento. Para ir mais long sobre o exemplo do projeto Yasuni-ITT: Equador: anos depois, que lições tirar do fracasso da iniciativa Yasuni-ITT sob a presidência Correa?

As compras responsáveis: uma exemplo ainda desconhecida de incitivo

Quem sabe o que são compras « sustentáveis » ou « responsáveis »? Os poderes públicos têm com isso um potencial de incentivo enorme. Como qualquer pessoa, como qualquer família, as estruturas do Estado e todas as autarquias, tal como as empresas estaduais (dos correios, dos transportes, da eletricidade, etc.), fazem compras (de material, prestações de serviço, obras...) todo o ano. Quando compram, escolhem fornecedores, geralmente depois de um concurso). Os « compradores públicos » podem então selecionar as ofertas, as propostas mais relevantes ou eficientes de um ponto de vista ambiental e social.

De maneira muito concreta, uma escola que deve ter um serviço de restauração para os alunos pode escolher o contracto em função da origem dos produtos, da labelização biológica dos produtos, etc. Obras para uma construção pública podem ser feitas por uma empresa da economia social e solidária, por exemplo que recruta salariados nos desempregados de longo prazo ou trabalhadores em reinserção. Os exemplos são sem fim e concernam muitas compras diferentes: ferramentas de escritório, papel, bens e prestações de limpeza, roupa de trabalho, pesquisas e prestações de conselho, carros de função, eletricidade, etc. Tantas categorias chamadas « familhas Compras », que podêm apoiar a conscientização sobre os nossos impactos ambientais e sociais no dia a dia. Indicadores, normas e labelização existem (às vezes definidas ao nível europeu) e apoiam essas iniciativas, apesar dos limitas das labelizações, às vezes mais ferramentas de comunicação do que outra coisa.

O que quer dizer « compra pública responsável »? Quais são os fatores de sucessos, para os compradores públicos, em tais processos? Os atores públicas, ou por oprtunismo (e por comunicação), ou com sinceridade, desenvolvem já há um certo número de anos estratégias ou políticas de desenvolvimento sustentável, de sobriedade e/ou de resiliência. Existem em cada país milhares e milhares de atores públicos, ou compradores públicos potenciais, e essa realidade cria oportunidades consideráveis ao nível das « compras sustentáveis ». As redes de fornecimento e de compra sustentável até às vezes, e cada vez mais, são apoiadas e/ou enquadradas pelas autoridades públicas, por exemplo por agências públicas regionais ou nacionais.

O milefólio administrativo permite, com duas categorias de atores públicos (de um lado o Estado e as autarquias, do outro lado as empresas públicas ou semi-públicas), margem de manobra enorme, com a ajuda das normas jurídicas relativas ao mercados públicos. Concursos públicos para compras « responsáveis » podêm então incluir os três objetivos do desenvolvimento sustentável, que são: a eficiência económica, incluido a qualidade dos bens e serviços comprados; benefícios sociais; e a redução dos impactos ambientais e sanitários negativos. Tudo isso no âmbito de uma « boa governação », que tenta melhorar a definição das necessidades em cada área ou serviço (com o alvbo de limitar os gastos, entre outras coisas, e com o passo incontornável de um trabalho de diagnótico inicial das práticas de compra da estrutura), e que tenta favorecer o fortalecimento do laço social.

São esses pelo menos os objetivos. Mas deve haver um impulso político, concretizado pelo menos numa agenda, numa Carta, algo assim que defina os alvos e o sentido do processo. E é necessário também um trabalho de comunicação e de sensibilização nos serviços em questão. Obviamente, a portagem política, tal como o apoio da hierarquia, é determinante. Tal como a associação sistemática das diferentes partes envolvidas na compra em interno, e como a implantação de uma equipe dedicada às compras responsáveis. A formação dos salariados permite responder a esperanças e a desejos em termos de:

  • compreensão dos fundamentais metodológicos (análisa em ciclo de vida, custo global, etc.);
  • apropriação das ferramentas e dos riscos jurídicos (estratégia de atribuição, ponderação dos critérios de escolha, uso das eco-laboelizações, etc.);
  • conhecimento das fontes de informação relevantes (sites das eco-labelizações, anuários das estruturas de inserção, redes de compradores responsáveis, etc.).

Num objetivo de mobilização e de eficiência, é necessário ter ferramentas operacionais, como guias e manuais, modelos, ferramentas informáticas... De fato, mudanças de práticas são lentas e demorram a tornar-se sistematicas e sinceras. No entanto, até imperativos orçamentais, que supõem economias (ou cortas), poderiam a longo prazo motivar processos desse tipo.

Será que a inovação e a economia ecológica garantirão o desenvolvimento sustentável?

Frente dos novos desafios econômicos, ambientais e geopolíticos, a necessidade de uma inovação do nosso modelo política e social

Uma melhor gestão dos recursos (e uma maior sobriedade) é essencial, inclusive no plano geopolítico. É óbvio no Próximo-Oriente e na África, para o controle da água e do petróleo. E veremos isso no futuro em novas áreas de potencial exploração, como o Ártico. Os Chineses tornaram-se quase os produtores exclusivos de terras raras, esses metais, minerais presentes na indústria, o que deixa o mundo num tempo de tensão, pois os Ocidentais precisam esse produto para produzir novas tecnologias. Se péritos e decidores chamaram desde os anos 1990 a criação de novas instituições capazes, por exemplo, de tomar melhor em conta o longo termo, os novos tratados internacionais, comissões de expertos ou debates públicos não souberam ainda superar esse desafio. Sistematicamente, os desafios de curto prazo dominam. Em particular, apesar dos discursos em favor de uma mais larga participação da sociedade civil, a governação do desenvolvimento sustentável permenece claramente entre as mãos dos governos nacionais que baseam-se nele para afirmar a sua autoridade econômica (no entanto muito febril).

Diante disso, o setor digital apresente-se como um fator de equilíbrio da representação, pois permitiu um melhor acesso para todos à informação e ao processo de decisão. Portanto, Internet abriu a via a práticas de consultação inovadores. As consultações cidadãs da ONU na agenda do desenvolvimento pós-2015 o ilustram bem. Há também a esperança de uma representação mais larga e inclusiva dos atores na elaboração das políticas internacionais e de uma transparência fortalecida. Sem entusiasmo demais, pois a análise detalhada dessas consultações revelam uma participação vindo sobretudo das organizações « tradicionais » da sociedade civil e dos países ricos. No entanto, a inovação deve servir a dar voz a todos, não só a peritos e poderosos. Portanto outra pergunta, sobre as conseqüências da globalização sobre as capacidades de inovação dos países emergentes: as evoluções autais conduzem a uma nova geografia da inovação?

De fato, se há um declínio progressivo do mito segundo o qual os países do Norte inovam e os do Sul copiam, a realidade da geografia da inovação permanece ainda a de uma forte concentração das capacidades a cerca de certos polos em maioria localizado no Norte. Nos países emergentes, os poderes públicos permanecem ainda demais concentrado na promoção importante da Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) ou sobre a atração dos investimentos diretos estrangeiros, que não levam necessariamente a sociedade a seguir o movimento se eles não são articulados de maneira relevante a cerca de um tecido industrial local.

Uma visão mais ampla é essencial, pois é necessário colocar sociedades inteiras em movimento. O exemplo da Índia, que conhece desigualdades enormes entre as centenas de milhões de pobres analfabetos e as universidades de elites, é ilustrativo, e não é um caso isolado. Deve apoiar a tomada de consciência sobre um fator de sucesso essencial: o conceito de desenvolvimento sustentável deve ser pensado como um projeto tanto polKtico, econômico, ambiental, mas também social, pois deve integrar o princípio de igualdade como um elemento de sustentabilidade de qualquer sociedade humana. Como o escrivia muito bem Oscar Wilde, « a sabedoria, é ter sonhos grandes o suficiente para não os perder de vista quando os perseguimos ». Temos que nos lembrar essas palavras e ser um pouco ambicioso para deixar às gerações futuras um mundo cheio de sabedoria.

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